O advogado Yghor de Souza Cruz e Silva foi preso na madrugada de sexta-feira (29) sob a suspeita de ameaçar, xingar e agredir o médico plantonista Felipe Ayres Monteiro no Trauma do Hospital Geral de Roraima (HGR). De acordo com o advogado, o que motivou a agressão foi a falta de atendimento médico para a mãe dele, que estava doente e em busca de atendimento na unidade.
A Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Roraima (OAB-RR) publicou uma nota de repúdio em favor do advogado alegando omissão no atendimento.
“A OAB Roraima vem a público repudiar o ato de omissão sofrido pelo advogado Yghor de Souza Cruz e Silva, quando este buscava atendimento médico para sua genitora enferma em unidade de saúde estadual. A OAB Roraima pugna pelo bom relacionamento entre instituições, defende o irrestrito acesso e atendimento de saúde à toda a sociedade e é contra quaisquer atos que perpassem as vias legais”, afirma a OAB em nota.
O Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM-RR) também emitiu nota de repúdio, porém lamentando a violenta agressão física sofrida pelo médico Felipe Ayres Monteiro.
“O CRM-RR luta pela vida e por uma assistência médica de qualidade a todos, que só pode ser proporcionada dentro dos preceitos mínimos de segurança e respeito! O CRM-RR reafirma seu zelo pela saúde da população”, diz trecho da nota.
O Conselho também afirmou que é necessário as autoridades constituídas tomarem as providências para que fatos como estes deixem de existir.
“Para que profissionais de saúde não corram mais o risco de serem maltratados, sofrendo agressões físicas, psicológicas e morais, este Conselho exige providências urgentes das autoridades sobre este fato específico, e clama para que absurdos como este não venham se repetir”, finaliza a nota.
Entenda o caso
A Polícia Militar atendeu a ocorrência de agressão e esclareceu que o advogado queria que a mãe dele fosse atendida no Trauma do HGR, no entanto, o caso deveria ser atendido no Pronto Atendimento Cosme e Silva. Yghor de Souza Cruz e Silva se irritou e acabou agredindo o médico.
Conforme relato de servidores, durante a confusão, o advogado ligou para o secretário de Saúde, Leocádio Vasconcelos, reclamando que a unidade se recusava a atender a mãe dele.
O médico chegou a atender a mãe do advogado e recomendou que ela fosse levada ao Pronto Atendimento Cosme e Silva, no bairro Pintolândia, zona Oeste de Boa Vista.
Antes de ir embora da unidade, o advogado xingou outros servidores e agrediu o médico com um tapa no rosto. Ele deixou o local e fez ameaças de retornar com uma arama de fogo.
Horas depois, o advogado foi preso em uma casa noturna, no bairro Aparecida e foi levado à Central de Flagrantes, no 5º Distrito Policial, onde admitiu ter bebido horas antes de ir ao hospital. Yghor de Souza Cruz e Silva foi autuado por desacato, ameaça, perturbação do trabalho, tráfico de influência, difamação, injúria e desobediência.
Sesau
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que o médico da triagem viu que não era caso de alta complexidade e a encaminhou a paciente para o Pronto Atendimento Cosme Silva.
“O homem não aceitou a orientação e agrediu fisicamente o médico e fez ameaças. Foi registrado Boletim de Ocorrência e o caso será investigado. A mãe do cidadão foi atendida no Cosme e Silva. Por não ser um caso grave, ela foi medicada e voltou para casa”, afirmou a Sesau em trecho da nota.
