Em meados de junho de 2011, ocorreu a maior cheia do rio Branco já registrada na série histórica da Agência Nacional de Águas. Na época, o nível do rio chegou a 10,2 metros em Boa Vista e 11,1 metros em Caracaraí.
Este ano, as chuvas intensas dos últimos meses fez muitos se questionarem se é possível que essa marca seja superada no atual inverno roraimense. Para o meteorologista da Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), é difícil dizer com certeza no momento, mas a possibilidade existe e é plausível.
“A previsão para os próximos meses continua sendo chuvas mais intensas do que as que normalmente são registradas no inverno. Principalmente ao norte do Estado […] Há uma possibilidade real de chegarmos na marca de 2011, pois ainda estamos no período chuvoso, e ainda há muita chuva para acontecer nos próximos meses. Não posso afirmar que isso vai acontecer, mas há chances reais”, explicou.
Nesta quarta-feira (16), o rio Branco registra 7,57 metros em Boa Vista e 9,24 em Caracaraí. No caso da Capital, o rio já chegou na marca dos 8,57 metros na semana passada.
A intensidade das chuvas tem duas principais explicações, que estão interligadas entre si, conforme o meteorologista: La Niña e a presença de gases poluentes na atmosfera da terra, ou seja, aquecimento global.
O fenômeno La Niña esfria a temperatura das águas do oceano Pacífico, que sobem para a atmosfera e intensificam a força dos ventos, assim acelerando o deslocamento de nuvens.
No Brasil, o fenômeno provoca estiagem nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No litoral do Nordeste e no Norte, os ventos causam maior concentração de chuvas e enchentes. Atualmente, La Niña está desconfigurado, mas as consequências dele ainda devem perdurar.
“Desde o início do ano, estávamos sob influência do La Niña e o aquecimento global. Por volta de janeiro e fevereiro, tivemos um período de seca intensa. Em abril, tivemos um acumulado histórico de 450 mm. Mais que o dobro do que se é esperado no mês. Em Junho e julho, que representam o período mais intenso do inverno, costuma chover 300 mm em cada mês, e esse ano provavelmente será acima dessa média”, concluiu.
Na semana passada, o Roraima1 mostrou as consequências das chuvas deste ano para moradores de Caracaraí. Casas e comércios próximos da beira do rio estão inundados, e muitos moradores dependem somente de canoas para poderem sair de casa.
A seriedade dos impactos da chuva é tamanha, que o governador Antonio Denarium (sem partido) assinou no dia 7 deste mês um decreto emergencial para que mais recursos sejam destinados à Defesa Civil de nove municípios: Bonfim, Cantá, Caracaraí, Caroebe, Normandia, Rorainópolis, São João da Baliza, São Luiz e Uiramutã.