A Polícia Federal do Amazonas apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta quarta-feira (14), notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o senador Telmário Mota (Pros-RR) e o presidente do Ibama, Eduardo Bim, por praticarem interferências indevidas no órgão.
Os três estariam intervindo no órgão no âmbito de uma operação que prendeu duzentos mil metros cúbicos de madeira extraídos de maneira ilegal na floresta Amazônica, avaliadas em R$ 129 milhões. Eles seriam também um “braço ativo” de madeireiros alvos da Operação Handroanthus, ocorrida em dezembro do ano passado.
A denúncia é assinada por Alexandre Saraiva, diretor da Polícia Federal no Amazonas. Segundo Alexandre, o setor madeireiro tinha parceria com o trio Salles, Mota e Bim, para “causar obstáculos à investigação de crimes ambientais e de buscaSur patrocínio de interesses privados e ilegítimos perante a administração pública.”
O delegado indica, com documentos e fotos de satélite, que uma permuta de terras do Estado estaria ocorrendo na floresta – e que o ministro Ricardo Salles, em vez de de apoiar o poder fiscalizatório, estaria se aliando aos criminosos. “Além de omitir-se de exercer seu poder de polícia ambiental, dificultando ação de fiscalização ambiental, patrocina diretamente interesses privados (de madeireiros investigados) e ilegítimos”, escreve o delegado sobre a atuação ministerial.
Sobre o senador, pesam acusações de que o parlamentar estaria contra as ações da Polícia Federal, e ao lado dos madeireiros. Além de tuítes do senador, a PF do Amazonas cita que a tentativa de interferência do parlamentar nas operações da Polícia Federal é antiga, citando um caso da Operação Arquimedes, ocorrida em 2017 pela Polícia Federal em Parceria com o Ibama.
“Portanto, pontua-se que a situação é preocupante, pois se busca desacreditar a atividade desenvolvida pela Polícia Federal”, conclui a denúncia da PF, que será ainda sorteada entre os ministros da Corte. Nem o ministro Ricardo Salles nem o Ministério do Meio Ambiente se manifestaram ainda sobre o tema.
Em nota, o senador Telmário Mota informou que não praticou condutas ilícitas. O senador diz que o delegado busca espaço na mídia e que não fundamenta a notícia-crima, a qual qualifica de “patética”.
“Como parlamentar, apenas denunciei os procedimentos ilegais cometidos pelo delegado, que sistematicamente utiliza da PF para sua própria promoção pessoal. Estou convicto que a notícia-crime será arquivada de plano pelo MPF. Continuarei lutando contra os abusos de autoridade cometidos pelo Sr. Alexandre Saraiva, como também pelo emprego de todos aqueles que trabalham dentro da legalidade”, informou.