O garimpo ilegal avançou 30% sobre a Terra Indígena Yanomami apenas no ano passado, destruindo o equivalente a 500 campos de futebol. É uma das conclusões do relatório “Cicatrizes na floresta”, lançado nesta quinta-feira (25) pelas organizações indígenas HAY (Hutukara Associação Yanomami) e Seduume (Associação Wanasseduume Ye’kwana) com assessoria técnica do ISA (Instituto Socioambiental) e que será entregue a diversos órgãos do governo federal.
Fotografias feitas em dezembro de 2020 mostram balsas de garimpo, crateras e duas pistas de pouso clandestinas abertas dentro da terra indígena. De acordo com o levantamento, atualmente há 35 pistas de pouso clandestinas usadas pelo garimpo no território – todas identificadas em coordenadas geográficas.
O relatório explica que a pandemia não foi obstáculo para que os garimpeiros desmatassem, de janeiro a dezembro de 2020, os 500 hectares, em um acumulado de 2,4 mil hectares no território indígena. O número foi calculado a partir de análise de imagens de satélite, denúncias e relatos das comunidades e fotografias feitas em sobrevoos. Três novos focos garimpeiros surgiram, aumentando para seis as áreas mais atingidas. O garimpo no rio Uraricoera concentrou mais da metade (52%) do desmatamento em 2020.
De acordo com o relatório, o garimpo dentro da terra indígena já pode ser considerado “de médio porte”, com “a generalizada utilização de maquinários caros e pesados e o funcionamento de uma extensa e complexa rede logística multimodal (terrestre, fluvial e aérea), que viabiliza a extração ilegal de ouro na Terra Indígena em escala intensa”. A atividade clandestina agora envolve “uma organização empresarial, de alto investimento financeiro e complexa organização logística, e alcançando elevado potencial de impacto sobre o meio ambiente e vidas humanas”.