Nenhum estado brasileiro recebeu tanta cloroquina do governo federal quanto Roraima, em termos proporcionais. Até janeiro de 2021, o Ministério da Saúde despachou 420,5 mil comprimidos de difosfato de cloroquina, quantidade suficiente para que 6 a cada 10 roraimenses tomassem o remédio. O medicamento não tem eficácia comprovada contra a Covid-19.
O mesmo não aconteceu com as vacinas. Até 18 de março, Roraima havia recebido apenas 120 mil imunizantes – um terço do que recebeu de cloroquina. A comparação foi feita pela Revista Piauí, com dados do governo federal e da Secretaria de Estado de Saúde (Sesau).
O número apurado pela revista, no entanto, é menor do que foi apresentado pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em agosto do ano passado, durante audiência virtual aos parlamentares da comissão mista da Câmara Federal que acompanha a situação do coronavírus no Brasil. À época, o ministro disse que 440,5 mil comprimidos foram distribuídos a Roraima.
A cloroquina é recomendada para prevenção ou tratamento à malária, doença com alta incidência no estado. O protocolo definido pelo Ministério da Saúde, em maio sugere que a prescrição do medicamento fique sujeita a critério médico, requerendo a vontade declarada do próprio paciente.
Em julho do ano passado, o Roraima 1 mostrou que uma missão conjunta feita pelo Ministério da Saúde, Ministério da Defesa e da Fundação Nacional do Índio (Funai) distribuiu comprimidos de cloroquina para as terras indígenas Yanomami e Raposa Serra do Sol.
O governo federal já enviou 7,4 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina e difosfato de cloroquina para estados e municípios. O Amazonas, estado que viveu a pandemia de forma mais trágica, recebeu três vezes mais cloroquina do que testes rápidos para identificar quem já teve Covid – ferramenta importante para rastrear e frear a contaminação.