O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a demarcação de territórios indígenas e afirmou que países estrangeiros “estão de olho no que está embaixo” das terras nesta segunda-feira (23). “Ninguém tem um código rural como o nosso”, disse a apoiadores em frente ao Planalto. “O grande temor do agricultor é acordar e saber que sua terra está sendo demarcada para índio. No meu governo houve alguma coisa sobre isso? Agora dá para imaginar as pressões que eu sofro de fora do Brasil?”, questionou.
“A reserva Yanomami. Tem mais ou menos 10 mil índios. O tamanho é duas vezes o Estado do Rio de Janeiro. Justifica isso? Lá é uma das terras com o subsolo mais rico do mundo. Ninguém vai demarcar terra com subsolo pobre. Agora o que o mundo vê na Amazônia, floresta? Tá de olho no que está debaixo da terra”, disse. No fim de semana, durante a reunião do G-20, o presidente já havia criticado o que chamou de “demagogia” de países estrangeiros sobre a política ambiental brasileira.
Os indígenas Yanomami têm enfrentado uma disparada dos casos de coronavírus nos últimos três meses. Na semana passada, um relatório do Instituto Socioambiental registrou um aumento de 250% nos casos e apontou a atuação e entrada de garimpeiros nas regiões como principal vetor da doença. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) junto a outras organizações ambientais tem atentado para os riscos de epidemias entre os povos indígenas e o perigo de uma redução significativa da população Yanomami pelas invasões na campanha #ForaGarimpoForaCovid.
Bolsonaro, no entanto, reforçou que não fará novas demarcações em terras indígenas. “No passado quando qualquer presidente viajava, quando voltava na semana seguinte tinha um diário oficial da união extra, tudo quanto é demarcação de terras indígenas, ampliação de parques e reservas e cada vez mais inviabilizando a nossa agricultura”, disse.