Chico Rodrigues lê texto preparado para justificar dinheiro na cueca (Imagem: Reprodução)

O senador afastado Chico Rodrigues (DEM) foi para a internet tentar não apenas se explicar como principalmente apelar para emoção, passando-se por vítima no episódio do dinheiro na cueca, durante busca e apreensão feita pela Polícia Federal na casa dele.

Não colou. Primeiro porque ficou preso a um texto preparado provavelmente por sua assessoria jurídica, o que fez o vídeo publicado nas redes sociais entregar que ali se tratava de um teatro, algo mesmo montado para justificar a grande presepada do senador.

A finalidade era apelar para a emoção do público em que o senador se apresentaria como alguém aviltado dentro de sua própria casa, tentando defender o seu “honesto dinheiro” que seria para pagar funcionários de sua empresa.

Mas, como ele não decorou nada do texto, ele tinha que fazer cara de humilhado e ao mesmo tempo seguir o script, desviando o olhar e baixando a cabeça para ler o que foi preparado de forma escrita para o senador se explicar. Um fracasso.

O vídeo serviu para uma grande reflexão: se o senador quis se passar por vítima, cabendo ao público julgá-lo, o povo tem mais motivo para se sentir não apenas humilhado, mas ultrajado em todos os seus direitos mais básicos especialmente na saúde pública em tempos de pandemia, quando milhares de famílias enterraram seus entes queridos em poder se despedir.

A corrupção na política todos os dias humilha e ultraja os brasileiros, os quais são obrigados a mendigar atendimento nos hospitais e postos de saúde. Os postos municipais de saúde em Boa Vista e nos municípios do interior submeterem e ainda estão submetendo a população a um sofrimento maior, quando as pessoas não conseguem atendimento primário rápido e eficiente a fim de evitar que elas sejam obrigadas a parar no Hospital Geral de Roraima (HGR).

O próprio HGR, de longas datas, foi o retratado do que a corrupção na saúde é capaz de proporcionar: hospital superlotado, estrutura precária, falta de medicamento e equipamentos, além de falta de investimento para ampliar a estrutura de acordo com o crescimento da população, a exemplo da imigração desordenada.

Com certeza, o senador (chamado pela candidata a prefeita do seu grupo, a deputada federal Shéridan de Oliveira, do PSDB, de vovô Chico), sente-se humilhado diante da repercussão internacional do episódio que ele protagonizou ao enviar R$32 mil na sua cueca, quando a PF bateu a sua porta. Mas o povo não tem motivo nenhum para sensibilizar-se com sua humilhação.

Políticos que se prezam e que cumprem o seu papel não tem a PF no seu encalço nem tem motivos para enfiar dinheiro na cueca. Quem tem dinheiro de origem honesta não teme mostrá-lo para a PF nem justificá-lo perante a Receita Federal. Dinheiro na cueca, como já ocorreu anteriormente com outros políticos, é sinal de corrupção no Brasil.

É fácil entender que uma pessoa exposta em nível nacional por meio de memes realmente está diante de uma forte pressão que o perturba sobremaneira. Porém, pena mesmo devemos ter do povo que está morrendo na fila dos hospitais e tem negado seus direitos mais básicos não só na saúde, mas na educação, na segurança e em outros setores.

Com o povo é que devemos nos sensibilizar. E também repudiar veemente qualquer prática na política partidária que atente contra o cidadão que paga imposto e contra a sociedade que precisa ver o dinheiro que ele recolhe aos cofres públicos sejam aplicados honestamente, conforme determina a Constituição, para que todos tenhamos serviços públicos gratuitos e de boa qualidade.

Os políticos que assumam suas responsabilidades, inclusive pelos seus atos que levam a Polícia Federal a bater na porta de suas casas nas primeiras horas da manhã, quando todos ainda estão no bem-bom de seus sonos. Nenhum vídeo sensibiliza mais do que a realidade que o trabalhador enfrenta no dia a dia quando precisa de um hospital ou necessita que a segurança pública funcione.

*Colunista

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