As fortes chuvas que caíram ontem em Boa Vista revelaram, pela enésima vez, qual deve ser a prioridade absoluta para o próximo prefeito ou prefeita e posteriores: saneamento básico, com rede de esgoto pluvial que liberte a população dos castigos históricos a que é submetida numa cidade plana, mal planejada para o seu crescimento rápido e explosivo a partir da década de 1980.
A tempestade de ontem também serviu para comprovar que, como prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB) é uma exímia jardineira. Em seus 20 anos à frente da administração municipal, a Capital roraimense se tornou um imenso e belo jardim, com reforma de praças públicas sendo prioridade para que a empresa contratada para jardinagem e calçamento continue plantando mais jardim.
Parabéns, Teresa! A cidade realmente está mais alegre e colorida, ainda que nas áreas centrais, que é a grande fachada por onde todos são obrigados a passar diariamente. Mas agora é preciso se preocupar com o que realmente garanta qualidade de vida para as pessoas, como esgoto pluvial, dentro de um grande projeto de saneamento básico, postos de saúde e programas sociais que permitam que crianças e adolescentes saiam da ociosidade na periferia.
Para que essa estética da grande fachada permaneça e não regrida, entristecendo quem aprecia o belo que aí está, seria razoável que o próximo prefeito ou prefeita criasse um cargo especial para Teresa Surita assumir, com sua verdadeira vocação que é a de jardineira-chefe. Pode-se transformar o Horto Municipal Dorval de Magalhães em uma Superintendência de Urbanismo, ou algo assim, para que ela possa continuar dando sua contribuição para Boa Vista.
Daí, mantendo o que já foi feito por quem entende de estética, de fachada, o próximo chefe ou chefa do Executivo poderia trabalhar com tranquilidade para estruturar a cidade com saneamento básico, drenagem, postos de saúde que aja rapidamente a qualquer nova pandemia e assim garantir o bem-estar da população, negado pelos administradores que pelo Executivo passaram por todos esses anos.
Talvez a chuva de despedida do inverno tenha sido a de ontem, em plena corrida pelas candidaturas municipais. E a chuvarada precisa ser tratada como uma reflexão por quem está pensando numa cidade do futuro, que sucumbiu a uma pandemia, que está sendo castigada pela migração em massa e desordenada e que não deixa a população se locomover dignamente nem viver com dignidade, uma vez que tudo alaga.
Inclusive, é bom destacar, que áreas que não tinham problemas de alagamento antes e, agora, passaram a ficar debaixo d’água depois de obras de drenagem e asfaltamento, com grandes pontos de alagamentos que invadem residências e transformam ruas e avenidas com calçamento e ciclovia em um imenso e vergonhoso rio.
Frisando: essa é a grande reflexão que o eleitor boa-vistense precisa fazer a partir do que se passou ontem em Boa Vista. Não é mais aceitável ficar só culpando São Pedro e a geografia da cidade pelos erros de nossos administradores públicos.
Teresa Surita vai deixar o cargo como a senhora das flores e das praças. Ela já provou que é competente nisso. Agora é hora de realmente trabalhar para atacar os graves problemas que tiram o sossego e o bem-estar da população.
*Colunista