Obra de recapeamento da Avenida Ville Roy segue a todo vapor: não se trata apenas de inversão de prioridade

Quem mora nos bairros mais afastados do Centro, onde a maioria das ruas e avenidas precisa de pavimentação ou, ao menos, um serviço de tapa buraco,  se revolta imediatamente ao ver a cena no trecho leste da Avenida Ville Roy: um trator está retirando o asfalto, que não apresenta nenhum problema, para logo em seguida ser colocada uma nova camada asfáltica.

Vêm de longas datas as obras de recapeamento das principais vias da área central de Boa Vista e das avenidas que dão acesso às áreas nobres da cidade. Engana-se quem pensa que se trata de uma simples inversão de prioridade. Representa algo muito maior, um projeto de governo do grupo do ex-senador Romero Jucá (MDB), cuja principal representante na atualidade é a prefeita Teresa Surita (MDB), que tem nele seu mentor e mestre.

O primeiro aspecto – e o que menos importa aos políticos envolvidos – é manter uma fachada, uma vitrine na parte central da cidade por onde a maior parte da população passa, uma vez que todo o fluxo é obrigado a passar por lá, seja para o trabalho, lazer, compras ou para ir aos balneários públicos do outro lado da cidade.

O outro aspecto é agradar a classe média e os ricos da cidade, a maioria concentrada naquele setor da cidade, a zona Leste, considerados pelo grupo Teresa e Jucá como seus principais formadores de opinião, não só nas redes sociais, como também perante seus empregados nas suas casas ou nas suas empresas. É só visitar a bolha virtual de Teresa Surita, o Twitter, para ver quem são seus principais bajuladores.

Existe ainda outro a ser observado: o grupo de Jucá não se preocupa com que a população dos bairros afastados pensam sobre isso, mesmo ele sendo os mais prejudicados e preteridos pelas obras de recapeamento das avenidas centrais, pois esses políticos acham que podem comprar o voto das pessoas de alguma maneira; ou engabelar mesmo os eleitores, prática esta historicamente testada nas eleições locais.

Há de se observar, também, as empreiteiras que ganham repetidamente as licitações da Prefeitura de Boa Vista, geralmente por meio de processos sempre questionados, seja pela idoneidade das empresas ou mesmo pela falta de transparência na aplicação dos valores, uma vez que ninguém sabe detalhes das obras. Com certeza, recapear uma avenida custa mais barato do que pavimentar uma partindo do zero.

Recapear ruas e avenidas já asfaltadas vai além da inversão de prioridade, como também serve de fachada para o grupo Teresa e Jucá, além de privilégio à elite formadora de opinião, bem como prática de ignorar a grande massa e instrumento para beneficiar grandes empreiteiras sedentas para refazer seguidas vezes as mesmas obras de recapeamento nas áreas centrais da Capital.

É isso o que as pessoas devem analisar ao passar pela Avenida Ville Roy, neste momento, e verem o asfalto ainda em boa qualidade sendo retirado para que outro asfalto novinho seja colocado em cima. É difícil aceitar isso, mas a população boa-vistense vem engolindo esta prática há quase 20 anos, quando a mesma área central da cidade vem repetida vezes recebendo recapeamento, pelas mesmas empresas acusadas de irregularidades, enquanto o povo fica na lama, buraco e poeira nos bairros periféricos.

É cegueira política o nome disso? É muito amor envolvido que se chama?

*Colunista

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