O vice presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB) calculou que há, atualmente, 3,5 garimpeiros atuando de forma ilegal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O dado foi apresentado em rede social no fim de semana e é quase seis vezes menor do que o estimado por lideranças indígenas e entidades ambientais, que avaliam em 20 mil o número de garimpeiros na região.
“Estima-se a presença de 3.500 garimpeiros ilegais na reserva indígena Yanomami e não 20 mil, como vem sendo publicado. Se considerada a logística de apoio e subsistência, o número veiculado já seria desproporcional”, avaliou o vice-presidente, que, no entanto, não apresentou na publicação alguma ação específica para retirar os garimpeiros.
Mourão lidera desde abril deste ano o Conselho Nacional da Amazônia Legal, órgão colegiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e tem a missão de coordenar e integrar as ações governamentais relacionadas à Amazônia, numa tentativa para diminuir o desmatamento na região e melhorar a imagem do país no exterior.
A região onde vivem os yanomami já alcançou 82 casos confirmados e quatro óbitos decorrentes de coronavírus, de acordo com lideranças, problema agravado pela presença dos garimpeiros. A Hutukara Associação Yanomami e o CNDH (Conselho Nacional dos Direitos Humanos) solicitaram que a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), oriente o governo brasileiro a fazer a retirada de todos os garimpeiros que operam ilegalmente na TI.
Os yanomamis são considerados os mais vulneráveis à pandemia de coronavírus entre os povos indígenas que vivem na Amazônia. De acordo com estudo e nada for feito para conter a transmissão do coronavírus no território, cerca de 5,6 mil indígenas podem ser infectados, considerando apenas as aldeias próximas às zonas de garimpo. O que representa 40% da população que vive nessas áreas.