A Petrobras anunciou reajuste médio de 8% para o diesel vendido em suas refinarias a partir da sexta-feira, enquanto a gasolina terá elevação de 5%, informou a companhia nesta quinta-feira, por meio da assessoria de imprensa.
O movimento é o primeiro reajuste neste mês para o diesel, combustível mais utilizado do Brasil, e o segundo para a gasolina, que havia sofrido aumento de 10% em 9 de junho.
As elevações seguem-se a aumentos consecutivos vistos no mês passado, principalmente na gasolina, em meio a uma recuperação nas cotações do petróleo no mercado internacional a partir de abril, após acordo entre Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados para cortes recordes de oferta.
O petróleo Brent, referência internacional, acumula ganhos de mais de 100% desde meados de abril, quando tocou mínima de 21 anos, abaixo de 16 dólares.
A Petrobras defende que sua política de preços busca seguir valores de paridade de importação, que levam em conta o petróleo no mercado internacional e custos de importadores, como transporte e taxas portuárias, com impacto também do câmbio.
O dólar acumula valorização de mais de 10% contra o real desde 8 de junho, quando havia recuado para mínimas em 12 semanas.
O repasse de reajustes nas refinarias até os consumidores finais, no entanto, não é imediato e depende de uma série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição obrigatória de biodiesel.
DEFASAGEM
Para o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sergio Araujo, apesar dos reajustes que deverão começar a vigorar na sexta-feira, continua a defasagem dos preços da Petrobras na comparação com os valores externos: em 11 centavos de real por litro para o diesel e de 0,13 real por litro para a gasolina.
Na opinião dele, isso inviabiliza importações de derivados, uma vez que o petróleo Brent está sendo negociado acima de 41 dólares o barril e o dólar está no patamar de 5,35 reais.
A Petrobras informou no final da semana passada à Reuters que as refinarias da empresa, que responde por quase 100% do refino de petróleo nacional, tiveram recuperação na taxa de utilização de capacidade, com uma melhora no mercado de combustíveis no Brasil, uma queda na importação de derivados e exportações recordes de óleo combustível.
A taxa de utilização das refinarias no país atingiu cerca de 74%, bem próximo aos 77% verificados no período anterior ao início da pandemia de coronavírus, segundo os mais recentes dados do Ministério de Minas e Energia.
Mas, para o presidente da Abicom, “a demanda (de combustíveis) ainda não voltou ao normal” no país