Saúde pública serviu para interesses eleitorais dos grupos políticos (Foto: Divulgação)

A duras penas, com sacrifício de vidas, a população está aprendendo o que é (ou deveria ser) prioridade para se investir os recursos públicos. A saúde pública hoje é prioridade absoluta diante do coronoravírus. Mas deveria ter sido sempre, conforme determina a Constituição Federal, a qual garante saúde gratuita e de boa qualidade.

O problema é que os políticos usaram a saúde pública como um biombo eleitoral, que transformou médicos e secretários de Saúde em políticos com mandato, os quais apenas se locupletaram do sistema viciado para satisfazer seus negócios. Muitos saíram ricos de lá.

Houve um tempo de explícita permissividade, no então governo de Neudo Campos, durante a campanha eleitoral, quando o secretário e todo primeiro escalão da Saúde largaram suas funções no setor administrativo e nos hospitais para fazer uma “arrastão eleitoral” na cidade para pedir voto na rua.

E assim a saúde pública foi o biombo usado para eleger deputados e senadores médicos, bem como sempre foi utilizada para acomodar e comprar aliados, beneficiar empresas de políticos e amigos de políticos, sustentar cooperativas, enriquecer quem participava dos esquemas e ainda moeda de troca para garantir candidatura de governadores.

Não à toa chegamos a esse cenário de terra arrasada, do qual o Estado não consegue vencer porque se trata de um esquema antigo, já estabelecido pelo consenso da velha política. Dentro desse sistema têm ainda servidores e médicos viciados em não trabalhar, em não aceitar mudanças para melhoria do atendimento ao público. E outras patifarias políticas que só o povo sabe na hora de buscar atendimento médico.

Na saúde municipal, em menor escala, a situção não foi muito diferente. Negligenciou-se o atendimento ao público porque a população foi habituada a correr direto para o Hospital Geral de Roraima (HGR), seja na hora de uma dor de cabeça a ser tratada no Pronto Atendimento, seja em um acidente grave a ser atendido no Pronto Socorro.

A Prefeitura sempre esquivou-se de sua responsabilidade, maquiando os prédios com pinceladas de tinta e obras de reforma para deixar tudo bonitinho por fora, com flores e gramas. A cidade foi toda preparada para parecer um imenso jardim, como se tudo fosse perfeito… até a chegada do coronavírus.

Hoje não há como fugir de suas responsabilidades, embora a prefeita Teresa Surita (MDB) tente de todas as formas escapar do crivo popular por sua arrogância política e imobilidade na saúde pública. Mas não tem como se esquivar. A pandemia veio revelar que o belo não é suficiente para salvar vidas.

Prioridade é saúde, e pronto! Quem tentar fugir disso será cobrado pontualmente pela população que hoje sofre as dores e as mortes na fila de atendimento médico. Nenhum prédio a ser inaugurado daqui para frente irá devolver a vida de centenas que estão morrendo por falta de saúde pública.

Mas ainda há tempo de começar a consertar tudo isso. Basta querer…

*Colunista

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