Em tempos de mudança de comportamentos por causa do coronavírus, parece genial a ideia da “Live do Bem” para remunerar artistas para que apresentem seus trabalhos em festival ao vivo, pela internet, projeto lançado pela prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB).  Só parece. Pois há um grande porém que exclui aqueles artistas que mais precisam de  ajuda financeira.

O edital para habilitar os artistas que serão contemplados  foi feito aos moldes de como são preparados  os editais de licitação para direcionar empresas.  As exigências são propositalmente de uma absurda burocracia que eliminam automaticamente os autônomos que trabalham na cara e na coragem, sem empresa, e que não têm condições sequer de pagar pela emissão de muitos documentos.

Também elimina boa parte de artistas que têm empresas, mas que precisaram escolher entre pagar os impostos ou colocar comida na mesa da família, já que estão impossibilitados de trabalhar, em especial aqueles artistas da noite que tocam em restaurantes e bares noturnos ou mesmo que fazem shows em eventos particulares.

Ao eliminar os que realimente precisam desse dinheiro, restam bandas, artistas e empresas de eventos que rezam na cartilha da Prefeitura, aqueles que não podem criticar e divergir do que pensa a prefeita e seu grupo político. São estes que sempre estão mordendo uma grana nos eventos municipais.

Se quisesse realmente beneficiar os artistas autônomos, que estão em grandes dificuldades financeiras neste momento, a prefeita mandaria flexibilizar esse edital a fim de facilitar a vida dos pequenos. Quando ela quer beneficiar grandes empresas por meio de editais emergenciais, Teresa não pensa duas vezes em encontrar brechas na legislação.

Foi assim que ela agiu para beneficiar a Sanepav, empresa responsável pela coleta de lixo na cidade, que teve seu contrato prorrogado por mais um ano quando todos estavam preocupados com o coronavírus. Não custa lembrar que essa empresa paulista já faturou quase R$400 milhões em 20 anos de administração de Teresa Surita. E vai ganhar mais de R$77 milhões até o fim desse atual mandato.

É assim que age a administração da prefeita, que está aproveitando a oportunidade para fazer  política já vislumbrando a campanha política de 2022. Ela sempre privilegiou os seus e está fazendo o mesmo com os artistas, anunciando um projeto que deixa de fora os mais necessitados.  Para a plateia uma maravilhosa ideia essa “Live do Bem”. Mas, para aqueles que mais  precisam, é só mais um jogada política, um truque na cartola de Teresa.

*Colunista

1 comentário

  1. Jessé, a prefeita Tereza Jucá Surita tem verdadeiro horror a classe artística de Boa Vista.
    Nunca criou o Conselho Municipal de Cultura e prefere fazer editais malucos normalmente feitos por advogados completamente alheios aos meandros da Cultura e do fazer cultural.
    Não é prerrogativa dela, o governo do estado lançou um que é um primor de maldades.

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