Alvinei Xirixana morreu na noite dessa quinta-feira (9) no Hospital Geral de Roraima Foto: Reprodução/Redes sociais

O Roraima 1 teve informações de uma fonte ligada à Saúde de que Alvinei Xirixana Pereira, de 15 anos, morto por covid-19 na noite dessa quinta-feira (9) no Hospital Geral de Roraima (HGR), não apresentava sintomas de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) até ser internado na unidade hospitalar.

Por esse motivo, segundo apurado pela reportagem, “não se pode associar a SRAG à covid-19” no caso do garoto. Alvinei também não teve contato com infectados pela doença na Comunidade do Boqueirão, em Alto Alegre, onde morava.

Ele vivia com idosos que têm doenças crônicas que foram monitorados e não apresentam sintomas de coronavírus. A comunidade, até então, não havia registrado nenhum caso suspeito de covid-19.

A suspeita é de que o adolescente tenha sido infectado em Boa Vista. “Ele veio para a cidade apenas com coriza, com sintomas leves de gripe. Quando passou pela Casai [Casa de Saúde Indígena], não testou positivo para covid-19. Como deu entrada algumas vezes no HGR, para onde era levado quando piorava, é possível que tenha se infectado lá”, afirmou à reportagem a fonte.

No atendimento feito na Casai, também não foram detectadas outras doenças. Alvinei passou por um tratamento de malária em fevereiro deste ano e foi curado.

Em nota enviada terça-feira (7), a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) confirmou a internação do adolescente, destacando que o diagnóstico foi feito no mesmo dia.

“O paciente deu entrada na unidade na última sexta-feira [3], com sinais e sintomas compatíveis ao novo coronavírus, entretanto, o primeiro exame, realizado na própria área indígena, resultou negativo para a doença. A confirmação de que se tratava de covid-19 veio após a contraprova”, informou.

Idas e vindas

Sobre as informações obtidas pelo Roraima 1, o prefeito de Alto Alegre, Pedro Henrique Machado (PSD), disse que não poderia confirmá-las.

“Não posso afirmar isso com precisão. Eu soube que ele deu entrada no HGR, depois saiu. Mas não tenho como dizer com convicção, pois não foi feito exame na nossa rede municipal de saúde. Onde ele se infectou, infelizmente, não há como assegurar. Mas que houve idas e vindas do hospital, sim, isso aconteceu”, relatou o prefeito.

Pedro Henrique informou ainda à reportagem que um dos idosos, de mais de 70 anos, que morava com o adolescente, o procurou recentemente no gabinete da prefeitura e não apresentava nenhum sintoma de covid-19.

“Essa pessoa esteve comigo esta semana e não tinha sinais da doença. Ela foi monitorada. Isso possivelmente demonstra que ele [Alvinei] não saiu da comunidade infectado, o que pode ter ocorrido em Boa Vista. Agora, se foi no HGR, não posso garantir”, destacou.

O prefeito esclareceu que Alvinei nasceu numa comunidade isolada, mas morava no Boqueirão, mais próximo da sede de Alto Alegre. No município, segundo ele, até esta sexta-feira (10) não havia casos suspeitos da doença.

“Estamos indo à casa da senhora na Vila do Taiano para verificar se alguém da família está com sintomas”, disse o prefeito se referindo à mulher de 74 anos que morreu nessa quinta-feira no Hospital Geral. A Sesau ainda investiga se a morte foi causada por covid-19.

Pedro Henrique reforçou também que está tentando descobrir o trajeto feito por Alvinei Xirixana recentemente. Há informações de que ele foi à casa de familiares e à comunidade isolada onde nasceu.

“Estamos apurando junto ao Dsei [Distrito de Saúde Especial Indígena], pois esta é uma situação que muito nos preocupa”, concluiu.

Medidas

Pedro Henrique destacou que barreiras sanitárias já foram criadas no município para tentar conter a disseminação de coronavírus na região, mas agora ele tenta, com a Prefeitura de Boa Vista, criar uma na altura do “Oásis”, na BR-174, em direção à cidade de Pacaraima.

As barreiras, de acordo com ele, são instrutivas.

“São abordagens educativas para saber se a pessoa chegou de viagem, se tem algum sintoma. É usado também um aferidor de temperatura a distância. Se ela morar em Alto Alegre e apresentar, vai ser isolada e monitorada. As barreiras são compostas por profissionais de saúde com apoio de policiais militares que trabalham na barreira da Aderr [Agência de Defesa Agropecuária]. Estamos pedindo apoio do governo e temos a intenção de fazer com que funcionem 24 horas, mas não temos pessoal suficiente”, salientou.

A reportagem entrou em contato com a Sesau, mas não houve resposta até a publicação da matéria.

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