Roraimenses têm reclamado do aumento das contas de energia elétrica durante o isolamento social em virtude da pandemia de coronavírus.
Com uma aposentadoria de aproximadamente R$ 1 mil, Luís Guimarães tomou um susto neste mês ao receber uma fatura de R$ 817. Restarão cerca de R$ 200 da renda dele para outras despesas.
Ele brinca que quase infartou ao constatar o aumento de R$ 510 para R$ 817, considerando ele não mudou a forma de consumo, pois, por ser aposentado, já passava a maior parte do tempo em casa. Mas, por trás do bom humor, o aposentado está preocupado por não conseguir pagar a conta.
“Não pode uma diferença de R$ 307. Eu não ganho dinheiro para tudo isso. A gente sorri para não chorar. Quando vi o papel [a fatura], olhei para a mulher e disse: estamos arrebentados neste mês”, lamentou.
Quem também sentiu o peso do aumento na conta de energia foi a auxiliar de contabilidade Girlene Cavalcante. Ela descreve que o sentimento é de “revolta”, pois foi um desafio economizar energia durante o isolamento social e ainda ter uma criança de cinco anos na residência.
“Eu tomando todos os cuidados, ligando a central apenas à noite, deixo os aparelhos fora das tomadas. Na geladeira, tiro cedo a garrafa com água e coloco em cima do balcão. As lâmpadas são ligadas apenas as do meu quarto, onde passo maior parte do meu tempo.”
Mesmo com todo este esforço, a conta mais que triplicou, passando de R$ 218,90 para R$ 749. “É bem revoltante como consumidora. Quero uma resposta em relação a isso, porque se você não paga, eles cortam a energia.”
CPI da Energia Elétrica
As reclamações sobre energia elétrica em Roraima são uma demanda antiga da população, que têm se intensificado neste período. A Assembleia Legislativa de Roraima instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que desde o ano passado está investigando este serviço.
A presidente da comissão, deputada Betânia Almeida (PV), explicou que o trabalho é extremamente complexo e que, devido ao distanciamento social, as atividades presenciais estão sendo evitadas. Neste período, os técnicos estão avaliando documentos e ouvindo especialistas. “A nossa missão só será concluída quando a CPI comprovar a melhoria na qualidade dos serviços e, principalmente, a redução nas contas que massacram a nossa população”.
A parlamentar adiantou que, conforme os estudos realizados pela CPI até o momento, é possível alcançar uma redução de 40% dos custos da energia em Roraima, se a empresa cumprir as obrigações contratuais. “Este é o nosso foco: que a empresa cumpra as obrigações e a população sinta no bolso a diferença dessa economia”.
O próximo passo da comissão será interrogar a empresa geradora e distribuidora em Roraima, além de conversar com os setores responsáveis pela fiscalização e ligados à geração, transmissão e distribuição de energia em Roraima e realizar audiências públicas na capital e no interior.
A parlamentar ainda pretende, nesta semana, protocolar um projeto de lei propondo a isenção do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) nas contas de energia e dos serviços de telecomunicação. A suspensão deve vigorar durante o estado de calamidade pública. “Isso representará uma redução de 6% no valor da conta da energia”, informou.