A prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), é especialista em navegar na onda midiática do momento. Às vezes, ela erra feio, quando não faz a leitura correta da realidade ao se basear nas redes sociais, especialmente no Twitter, a preferida dela. Exemplo disso foi o anúncio do pagamento de aluguel e alimento para venezuelanos, no início da crise migratória, ato que ela tentou negar a qualquer custo depois que sentiu a reação popular negativa.
Agora, na crise do coronavírus, Teresa age de olho na reação popular dos internautas. Ao decretar o isolamento social, com fechamento do comércio, ela analisou que havia aprovação popular e que, na pior das hipóteses, poderá dizer que agiu com base na melhor das intenções. Agiu pensando se tornar a “deusa das ações contra o coronavírus”. Fez politicagem com seu ato, tentando diminuir a importância do governador Antonio Denarium, ignorando-o e não aceitando descer de seu pedestal para propor ações conjuntas.
Embora suas medidas extremas tenham atingido em cheio toda sociedade, Teresa não permitiu que seus servidores e trabalhadores terceirizados ficassem em casa, de quarentena. Pior: trabalhavam sem os equipamentos de segurança necessários para se proteger da doença. Os próprios servidores foram para a imprensa reclamar do tratamento que estavam recebendo.
Em outra ponta, como a prefeita não gosta de servidor nem de povo pobre, ordenou a ação de demolição de casas, no bairro Silvio Leite, em plena crise da pandemia. Não pensou nos servidores, muito menos nas famílias que ficariam sem teto. Não pensou em retardar a ação até passar esse momento crítico nem em proteger as pessoas. Ela achava que ficaria na surdina, devido ao isolamento social, assim como foi o ato dela de prorrogar, por mais um ano, o contrato milionário com a empresa paulista Sanepav, que já abocanhou quase R$400 milhões em 20 anos de administração dela, com sete aditivos. Ato que por si só é um escândalo.
De olho na reação dos setores da sociedade, Teresa refez seu decreto para atender aos interesses de empresários que se mobilizavam para pedir a reabertura do comércio, sem levar em conta as orientações das autoridades sanitárias. Mas não apresentou solução para os realmente frágeis, os trabalhadores informais, aqueles que não aparecem nas estatísticas oficiais, a não ser quando a Prefeitura decide fiscalizar, apreender mercadorias e seus esquipamentos de trabalho ou mesmo a derrubada de suas lonas.
Teresa acha que pode administrar agindo com base nos likes e trending topics do Twitter. Ela vive em um mundo paralelo e sempre prefere negar quando erra por vaidade, pressões de empresários ou de grupos, ou por fazer leitura errada na sua rede social preferida. A prefeita pensa que está todo mundo iludido com sua fantasia criada nos institucionais e o colorido das redes sociais.
Quando essa crise passar, Teresa será cobrada pela realidade das ruas. Ela crer cegamente que tudo pode, ignorando ou manipulando o povo. É desta forma que Teresa quer governar o Estado, achando que sua principal missão será florir e colorir o Parque Anauá. Ela não conhece a vida das pessoas além do Anel Viário e das pontes dos Macuxis e do Cauamé. Não conhece sequer a realidade do bairro onde mora, dentro de um latifúndio urbano ocupado por mogno, o Cidade Satélite.
*Colunista