Em meio a incertezas mundiais sobre como age e evolui o novo coronavírus, alguns vilões foram aparecendo no meio do caminho: primeiro foi o ibuprofeno, quando estudos indicaram a possibilidade de o medicamento, usado como antitérmico com frequência pela população, estimular receptores que facilitariam a entrada do vírus na célula.
Depois, vieram os remédios para pessoas cardíacas e hipertensas, que também agravariam, supostamente, o quadro da Covid-19.
E mais uma enxurrada de informações compartilhadas nas redes sociais, muitas vezes falsas, sobre a relação de medicamentos específicos com a piora ou melhora da doença.
Ficou difícil saber o que se pode tomar ou não: como lidar com aquele medicamento de uso contínuo agora sob suspeita de agravar a doença? E o que tomar, caso apareçam sintomas? Há remédios que ajudam?
“Nenhum medicamento é alvo de uma contraindicação absoluta. E, além disso, vários dos estudos divulgados ainda são inconclusivos, sem muitas evidências do que de fato gerou o agravamento da doença”, explica Glória Selegatto, médica infectologista do Hospital Sírio-Libanês. “Pessoas idosas, faixa etária que concentra os casos de complicação, por exemplo, têm em seu grupo um grande número de casos de hipertensão, que passou a ser enquadrada como um fator de risco. E não dá para suspender, sem recomendação médica, um medicamento de uso contínuo. Deve-se controlar a doença de base, para que isso não gere uma complicação mais séria depois”.
Não acredite em soros milagrosos. Na dúvida, opte pela prevenção (como substituir o ibuprofeno por outro antitérmico). E consulte seu médico, se necessário.
Há medicamentos associados, comprovadamente, ao agravamento da doença ou de seus sintomas, ou que mascaram a sua evolução? E em estudo?
Não há, até o momento, relato de medicações claramente associadas a evoluções de maior gravidade nos casos de COVID-19. Os estudos em andamento buscam avaliar fatores de risco associados a quadros graves e letalidade, sejam eles relacionados ao paciente (doenças prévias) ou medicações.
Que remédios não são indicados para tomar neste momento? E o que vale tomar, para, por exemplo, ter um cuidado extra com imunidade?
Não há evidência de medicações com contra-indicação absoluta. Para a imunidade, não existe nenhuma medicação para “melhora”. O recomendado é sempre manter uma boa saúde: alimentação equilibrada, prática de atividades físicas, não fumar…
E em caso de sintomas da Covid-19, o que é recomendado tomar de medicação?
A dipirona e o paracetamol são analgésicos comuns que podem ser usadas para alívio de dor de cabeça, dor no corpo e febre, respeitando-se a dose e número de tomadas prescritas. Alguns anti-alérgicos podem ser usados para melhora de sintomas como tosse e coriza.
Afinal, pode ou não tomar ibuprofeno? E outros remédios do dia a dia, como dorflex, novalgina e neolsadina?
Nenhum estudo demonstrou que ibuprofeno esteve ligado a quadros clínicos mais graves de COVID-19. O uso do ibuprofeno e outros anti-inflamatórios (cetoprofeno, diclofenaco) não é contra-indicado na infecção pelo coronavírus, no entanto, deve ser sempre evitado em pacientes com doenças renais, hipertensão, diabetes, problemas no fígado, pois nessas situações seu uso é comprovadamente prejudicial.
Sobre a disseminação de fake news sobre o uso de remédios na pandemia, que tipo de informação errada vem circulando por aí?
Várias notícias são disseminadas, tanto com informações completamente enganosas – como soros de imunidade e terapias curativas, como notícias com informações interpretadas de forma errônea – por exemplo, em relação ao 100% de sucesso da hidroxicloroquina.
O que sabemos da cloroquina e da hidroxicloroquina em relação à doença? E que recomendações dar ao público, que está caçando o remédio nas farmácias?
O que se sabe até o momento é que em estudos que avaliaram o uso dessas medicações e melhora clínica do paciente não houve diferença entre quem usou e quem não usou. Mas são estudos iniciais. Levando em conta os efeitos colaterais da cloroquina (arritmias cardíacas e alterações na visão), não há indicação de seu uso atualmente. Além disso, o uso indiscriminado dessa medicação faz com que ela fique indisponível pra quem realmente precisa dela, como, por exemplo, os pacientes com doenças reumatológicas.
Como estão os estudos sobre o ritonavir e o lopinavir, presentes em coqueteis antirretrovirais para a Aids, serem usados no combate ao coronavírus?
O lopinavir/ritonavir é uma medicação inicialmente usada para o tratamento do HIV e que atualmente foi substituída por drogas mais modernas e com menos efeitos colaterais para pacientes com HIV. O estudo mais recente sobre essa droga na infecção pelo coronavírus mostrou que não houve diferença em quem usou a medicação. Além disso, várias pessoas do estudo precisaram interromper o seu uso devido a efeitos colaterais.
Remédios para tratamento cardíaco, diabetes e inflamação podem agravar o quadro de um infectado pelo coronavírus?
Não. Não se pode afirmar que essas medicações agravam quadro de COVID-19. Alguns estudos observaram que pacientes com doenças crônicas em uso de alguns anti-hipertensivos apresentavam doença mais graves, mas não se pode afirmar que foi devido à medicação.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia emitiu um comunicado para que cardíacos não deixem de tomar remédios para hipertensão com medo de a medicação agravar um possível quadro de Covid-19. Quais os riscos envolvidos na sua suspensão neste momento?
A Sociedade Brasileira de Cardiologia está correta. O controle adequado de doenças crônicas é o mais recomendado. A suspensão dessas medicações pode agudizar ou descompensar o paciente e levar a internação hospitalar e até quadros clínicos graves. Na dúvida, é sempre recomendado procurar o médico responsável pelos cuidados do paciente.
Quem tem doenças respiratórias pode usar corticoides?
Os corticoides de uso inalatório têm ação tópica e devem ser mantidos conforme prescrição médica. Pacientes asmáticos em uso dessas medicações podem apresentar quadros de asma descompensada como apresentação da COVID-19 e, portanto, devem procurar atendimento médico para outras medidas.
E remédios de doenças autoimunes, podem ser mantidos?
As medicações devem ser mantidas conforme prescrição do médico que faz o seguimento do paciente. Pacientes em uso de corticoide via oral ou imunobiológicos devem sempre se atentar aos cuidados de higiene para evitar a infecção.
O mesmo vale para os pacientes em tratamento de câncer?
É a mesma recomendação dos pacientes com doenças autoimunes. O importante é sempre lembrar das medidas de prevenção, como manter a higienização constante das mãos e evitar contato com outras pessoas, entre outras.
Fonte: Glória Selegatto, médica infectologista do Hospital Sírio-Libanês
Pois é né? E com essa explicação maravilhosa, científica e imparcial de vcs e destes médicos competentes, salvou um monte de vidas, SQN, matérias como estas aparelhadas com toda essa politicagem desgraçada são responsáveis pela maioria, se não por todas, mortes! Durmam com isso, se conseguirem, pois por mais que não admitam, são corresponsáveis com esse cenário necrótico, mais do que as próprias aglomerações. E tudo em nome de “vidas” e desbancar o governo. E depois somos nós os loucos e alienados.