Crianças perambulam pela feira que se forma a cada fim de tarde em frente à rodoviária (Foto: Divulgação/PMRR)

A prefeita Teresa Surita (MDB) continua investindo pesado em mídia para enaltecer-se como “rainha da primeira infância”. Depois de abandonar por quase sete anos obras de pelo menos seis escolas pró-infância – três somente no bairro onde ela mora, no Cidade Satélite – a Prefeitura retomou a construção e fez festa de inauguração sem lembrar que esses prédios consumiram recursos públicos e ficaram abandonados ao descasos desde 2003.

Ainda que essas escolas tiveram suas obras concluídas, o deficit de vagas nas escolas de educação infantil é muito grande. E a situação só piora, enquanto não houver verdadeiramente uma política de inclusão para as crianças que estão surgindo aos montes em situação de rua, não só devido à chegada em massa de venezuelanos quanto a migração de indígenas para a cidade.

As praças estão bonitas com as estátuas de animais onde as crianças podem brincar, mas esse cenário está sendo transformado aos poucos com o surgimento de um grande número de crianças pedindo nas praças, estacionamentos, feiras e supermercados. E não não há nenhuma política por parte do Município, muito menos do Estado para enfrentar essa realidade.

Quem quiser ter uma pequena noção do número de crianças em situação de risco é só ir a cada fim de tarde em frente da Rodoviária Internacional de Boa Vista, onde crianças em visível estado de vulnerabilidade perambulam pela feira informal que se forma por ali devido à grande concentração de venezuelanos. As crianças ficam em grupos, seja com adultos ou seja acompanhadas de outras crinças.

Em pouco tempo, se não houver uma providência de inclusão social e proteção a essas crianças, teremos um cenário bem pior, de marginalidade que levará a outras situações piores, culminando com a entrada cedo de adolescentes na criminalidade e até mesmo na prostituição. E a prefeita Teresa Surita foge desse tema, como o diabo foge da cruz, porque a ela interessa apenas as festas das cores e luzes de uma primeira infância que só existe nos institucionais que ela patrocina.

Nas últimas semanas, grupos de índios acompanhados de um grande número de crianças também começou a perambular pela cidade, invadindo o comércio para praticar pequenos furtos ou ingerir bebida alcoólica em praças ou mesmo nas calçadas de postos de combustíveis. Esta é outra situação que precisa de uma intervenção rápida das autoridades a fim de evitar que essas crianças acabem engrossando a marginalidade que está sendo desenhada em Boa Vista.

Mas, em tempo de coronavírus, os principais problemas da sociedade acabam ficando oculto diante do foco midiático para apenas um tema, ocultando situações tão ou mais grave, beneficiando os políticos que por sua vez não estão interessado em resolver as questões graves por quais passam a sociedade. E a infância precisa de uma atenção urgente, pois o coronavírus vai passar, mas as crianças permanecerão nas ruas ou fora da creche, sujeitas a todos os tipos de graves situações.

*Colunista

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