Fila em frente do Hospital Coronel Mota. Foto: arquivo/Roraima1.

 

Enquanto o alto escalão da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) reúne a imprensa para falar de coronavírus, que é a doença da moda do momento, sobre a qual se faz muito alarmismo, a fila quilométrica em frente ao Hospital Coronel Mota só aumenta (a foto acima foi tirada agora pela manhã) e a maternidade estadual enfrenta a mais dura realidade de um serviço precarizado, com mães e bebês pagando o preço com a vida.

Qual a real importância de reunir a imprensa para falar de coronavírus enquanto vidas estão realmente em risco na maternidade? Por que mortes de bebês e mulheres não recebem nenhuma prioridade? Calamidade deveria ser declarada imediatamente não só no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, mas em toda a estrutura de atendimento ao público. É um crime o que está acontecendo na saúde pública estadual, enquanto autoridades se escondem da realidade.

A Sesau tem a obrigação de reunir a imprensa para escancarar a realidade da maternidade pública, que é insustentável. Deveria também fazer uma mobilização para diminuir a fila no Hospital Coronel Mota. É uma obrigação estar mobilizada para concluir a interminável obra do anexo do Hospital Geral de Roraima (HGR), outra unidade precarizada. Tudo isso é muito mais importante do que ficar tratando de coronavírus como se realmente fosse nosso grande problema.

O que chama a atenção é o silêncio de muitos médicos, que se omitem mesmo estando sem receber por dois meses da cooperativa. Fazem vista grossa aos problemas, mesmo estando trabalhando em situação precária e sofrendo as consequências da instabilidade financeira, tendo que fazer “bicos” e entrando no limite da sua conta corrente. A omissão só ajuda a mascarar os graves problemas da saúde pública.

Enquanto tudo isso ocorre, o Governo do Estado trata a saúde pública como uma moeda política, fazendo da saúde pública um butim de grupos políticos que disputam o poder, enquanto famílias sofrem o luto das mortes dentro dos hospitais e pessoas sofrem na enorme fila de espera. A fila do Tratamento Fora de Domicílio, o TFD, é outro martírio para o povo que tenta buscar atendimento fora do Estado.

A omissão dos órgãos de controle contribui para esse sofrimento ao qual a população roraimense está submetida, que ainda espera pela conclusão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde a fim de que algo posso realmente melhorar. Do governador Antonio Denarium já se sabe que não se pode esperar muito, pois ele governa um Estado de Roraima que só existe no Facebook. Lá realmente está tudo muito bonitinho dentro do vidrinho, onde ninguém adoece ou enfrenta fila de atendimento…

*Colunista

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