O sargento da Polícia Militar Marcelo William Correa Campos, de 45 anos, foi preso na madrugada deste sábado (29) em um posto de gasolina do Centro de Boa Vista após atirar em um morador de rua venezuelano de 56 anos. Socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) levaram a vítima, atingida no quadril, para o pronto-socorro do Hospital Geral de Roraima (HGR).
Testemunhas disseram aos policiais que atenderam a ocorrência que Marcelo William havia atirado no venezuelano. Quando os militares chegaram, o suspeito já estava saindo do local, mas foi abordado nas proximidades do posto.
William disse aos policiais que também é militar. Ele não reagiu à abordagem e, de acordo com os PMs, estava com a arma guardada num dos bolsos da bermuda. Questionado sobre o que havia acontecido, o sargento disse que, ao chegar ao estabelecimento, observou que algumas pessoas estavam com as mãos para cima e acreditou se tratar de um assalto. Em seguida, atirou no “possível assaltante”, o morador de rua.
Quando os policiais retornaram ao posto, encontraram o venezuelano deitado próximo à porta da loja de conveniência, sangrando e com uma lesão no quadril causada pelo tiro. Segundo os militares, a vítima estava consciente, mas não foi possível compreender o que dizia. Com muitas dores, socorristas do Samu a levaram ao pronto-socorro. Seu estado de saúde não foi informado.
Testemunhas
Um taxista relatou aos PMs que estava no posto com outras pessoas quando o sargento chegou e ficou pouco menos de dez minutos dentro do carro. Logo em seguida, ele saiu do veículo e atirou no morador de rua, que caiu no chão. Depois, o suspeito entrou na conveniência com a arma na mão, mandou um cliente, que não foi localizado pelos policiais, se deitar e o chutou várias vezes. O relato do motorista foi reforçado pelo de outra testemunha.
Marcelo William foi levado ainda de madrugada para a Central de Flagrantes. Foram apreendidos uma pistola de calibre ponto 40, um carregador da arma, oito cartuchos intactos e um deflagrado. De manhã, ele prestou depoimento ao delegado plantonista. A Polícia Civil solicitou as imagens das câmeras de segurança do posto para ajudar nas investigações.
Prisão preventiva
Ao ser interrogado, o sargento sustentou a história de que pensou estar ocorrendo um assalto no posto de gasolina. Ele disse ter visto um suspeito e acreditou que a loja estivesse sendo assaltada. Após dizer que era policial, atirou no morador de rua e mandou o outro homem se deitar no chão por acreditar que eles estivessem juntos, mas constatou que ele não estava com nenhuma arma na cintura. O militar disse que a iniciativa de chamar a polícia foi dele.
Ainda durante o depoimento, Marcelo William informou ao delegado já ter sido preso por disparo de arma em via pública. O sargento admitiu ter bebido cinco cervejas de 600 mililitros e duas latinhas, embora tenha afirmado não saber por quanto tempo ficou bebendo antes de atirar na vítima.
No fim da manhã deste sábado, durante audiência de custódia, o sargento teve a prisão preventiva decretada por lesão corporal grave, com manifestação favorável do Ministério Público. A defesa tenta revogar a prisão de Marcelo William, que foi levado para o Centro de Policiamento da Capital (CPC).
Conforme a juíza Joana Sarmento, uma vez em liberdade, o sargento coloca em risco a ordem pública e pode ser uma ameaça à integridade física da vítima, bem como à instrução processual. Ela destaca ainda que o militar estava embriagado quando cometeu o crime e agiu “com muita agressividade”.
