Direção do HGR informou que vai ser feita ressonância para que equipe de neurocirurgia possa avaliar, com precisão, estado de saúde de Ryan e procedimento a ser feito Foto: Arquivo pessoal

Familiares de Ângelo Ryan, de 13 anos, voltaram a cobrar em uma rede social respostas do governo sobre a situação do garoto que está internado no Hospital Geral de Roraima (HGR). Segundo eles, após internações e mau atendimento, o adolescente ficou cego de um dos olhos e perdeu o movimento das pernas. De acordo com postagem feita nesta terça-feira (25) no Facebook por Ernandina Carvalho, tia do paciente, não existe equipe médica multiprofissional cuidando dele, contrariando o que foi informado pelo governo.

Em nota, a direção do HGR negou a acusação e informou, nesta quarta-feira (26), que “o paciente está sendo acompanhado por equipe multidisciplinar”.

A tia de Ryan diz ainda que ele só começou a ter um pouco de atenção porque a família foi ao Ministério Público de Roraima (MPRR).

“Publicam notas de esclarecimento dizendo que está tudo bem, divulgando datas que não condizem com a real situação. Temos fotos, registros, vídeos e publicações, inclusive postados tarde da noite, em que pedi ajuda e que chamassem até a polícia para nos ajudar, porque o desespero bateu em mim e na minha irmã”, destaca ela em trecho do post.

Ernandina ressalta que seu sobrinho foi atendido por uma fonoaudióloga e uma nutricionista nesses últimos dias, mas somente após uma audiência ser realizada no MPRR. A família do adolescente pede que seja feito um exame específico com oftalmologista.

“Reclamei com o médico que está cuidando dele que haviam feito somente aquele [exame] rápido em que se focam [os olhos] com a luzinha de um aparelho. Como podem dizer num exame simples desses que o menino não vai mais voltar a enxergar?”, questiona, acrescentando que teve a informação de que o Sistema Único de Saúde (SUS) não paga por uma avaliação mais detalhada.

Ela reforça que a família quer apenas o direito a um atendimento digno para o sobrinho, já que ele está “sob a tutela” do Hospital Geral de Roraima (HGR).

“Meu sobrinho andava e enxergava antes de permanecer pelos corredores e na enfermaria do HGR. Queremos o diagnóstico e tratamento. Ao vê-lo ficando cada vez mais com os membros atrofiados, perguntei ao médico por que ele não está sendo acompanhado e atendido por um fisioterapeuta, já que o governo divulga nota falando sobre a tal equipe multiprofissional’”, reclama.

Agravamento

Ângelo Ryan, de acordo com a tia, é autista e também tem hidrocefalia. Ela conta que, na quarta vez em que ele deu entrada no HGR, estava com um quadro de saúde debilitado e lá adoeceu, deixou de comer e tomar água por vários dias.

Após quatro dias no HGR, o menino foi encaminhado ao Hospital das Clínicas para que não tivesse contaminação por bactéria, mas a tia do paciente afirma que foi nesta unidade que o adolescente ficou cego com desvio em um dos olhos e paralisia das pernas.

Com o agravamento do quadro de saúde, Ângelo foi levado de volta para o HGR no dia 17 de fevereiro para a realização de exames. A família ainda aguarda os resultados. Durante o período de internação, Ernandina disse que o sobrinho já teve catapora, infecção urinária e atrofiamento dos músculos.

“Ontem [terça-feira, 25], ele ficou o dia todo febril e muito agitado. Desde anteontem, está com diarreia. Além disso, está com uma infecção. Depois de retirada a sonda e de ele ter começado a se alimentar via oral, começou a ter esse problema”, relatou Ernandina por telefone ao Roraima 1 nesta quarta-feira.

Outro lado

Em nota, a direção do HGR assegurou que o paciente está sendo acompanhado por equipe multidisciplinar, formada por clínico, nutricionista, fonoaudiólogo e psicólogo, ressaltando, ainda, que Ryan já foi avaliado por oftalmologista, que constatou a cegueira.

Ainda segundo a direção, foi solicitada a uma ressonância magnética, que não é realizada no HGR, mas em clínicas conveniadas ao SUS, a fim de que a equipe de neurocirurgia possa avaliar, com precisão, o estado de saúde dele e o procedimento a ser feito.

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