Em vídeo divulgado nas redes sociais, o prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato (PRB), informou que as manifestações no município, iniciadas há cinco dias, estão suspensas pelo menos até que as reivindicações apresentadas pelos moradores e lideranças locais, durante reunião na tarde desta terça-feira (11), sejam atendidas pelo governo federal.
De acordo com Torquato, participaram da audiência representantes da Câmara Municipal, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Civil, Polícia Militar, Força Nacional de Segurança, Exército e da Secretaria de Segurança Pública (Sesp). O encontro das autoridades ocorreu na sede do Ministério Público no município.
“Em mais de três horas de reunião, foram mostradas todas as dificuldades, o que vem sendo feito ao lado da Operação Acolhida que tem prejudicado o município. Solicitamos, também, a retirada do abrigo e que seja providenciada a documentação de todos os trabalhadores que ficam na cidade por meio da operação”, afirmou Torquato.
Ainda conforme o prefeito, uma das propostas é de que a cada 15 dias sejam apresentados, de maneira atualizada, os problemas enfrentados por Pacaraima e feito um planejamento das possíveis soluções a serem adotadas.
“A partir de segunda-feira [17], será instalada uma força-tarefa com todas as instituições de segurança para iniciar um trabalho mais específico em Pacaraima visando solucionar todos os problemas que temos aqui”, destacou o prefeito.
Os protestos e interdição da BR-174 continuaram nesta terça-feira, mesmo após determinação da Justiça Federal de que a rodovia fosse desbloqueada sob pena de multa de até R$ 10 mil por hora para entidades sindicais/associativas.
Os manifestantes pretendem levar a pauta de reivindicações ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, que devem chegar a Roraima nesta quinta-feira (13). Até a publicação desta matéria, não havia informação oficial sobre a vinda de Moro e Mourão ao Estado.
Tensão
Por telefone, um dos líderes das manifestações informou ao Roraima 1 que a situação no município, por volta das 19h30 (horário local), estava tranquila, mas ainda há a preocupação de que, a qualquer momento, novos confrontos possam ocorrer.
“O bloqueio foi suspenso após a reunião ocorrida no fim da tarde e os protestos não devem acontecer pelo menos até que seja cumprido o prazo a ser dado pelo governo federal para atendimento das reivindicações”, destacou a liderança que não quis se identificar. “Vamos aguardar a vinda do vice-presidente e do ministro da Justiça, que levarão nossa pauta à Presidência da República”, acrescentou.
Ainda segundo o morador, o clima permanece tenso, pois há a informação de que venezuelanos estão agrupados do outro lado da fronteira, preparados para um embate a qualquer momento. “Eles não respeitam nossas polícias, nossas autoridades. Não respeitam ninguém e agem com violência”, disse.
A reportagem tentou contato com a Polícia Militar em Pacaraima e a PRF para saber sobre o encerramento das manifestações, mas não obteve êxito.
Entenda o Caso
Os protestos em Pacaraima, no Norte do Estado, começaram na sexta-feira (7), quando uma adolescente de 15 anos foi estuprada por um venezuelano, que acabou sendo preso pela Polícia Militar após ser reconhecido por testemunhas.
Desde então, houve bloqueio de vias de acesso com o objetivo de proibir a entrada de venezuelanos, além de tumultos em vários pontos da cidade. Moradores reclamam que o aumento no número de imigrantes fez com os índices de violência disparassem no município.
Os protestos e bloqueios da rodovia e outros pontos de acesso foram iniciados sem qualquer comunicação à Polícia Rodoviária Federal, conforme ressalta o juiz Felipe Bouzadas, responsável pela liminar, o que deveria ter sido feito pelos manifestantes ou alguma liderança.