Arte: divulgação

Há aqueles que têm medo do futuro, do que está por vir. O que está guardado no passado, no entanto, pode ser tão aterrador. É sob essa perspectiva que o clássico It – A Coisa, livro de Stephen King, se baseia, ao apresentar a história de um grupo de crianças enfrentando uma criatura diabólica e reencontrando-a décadas depois em uma visita à terra natal, já adultos. Assista ao trailer abaixo.

Dialogando com essas duas linhas temporais, entrelaçadas na narrativa do livro como uma só, surgiram duas adaptações cinematográficas. A segunda parte dessa aventura, ‘It – Capítulo Dois’, entra em cartaz nesta quinta (5) nos cinemas brasileiros (e só amanhã nos EUA).

No primeiro filme, lançado em 2017, acompanhamos Bill e grupo de amigos, o Clube dos Perdedores, se unindo para superar o bullying constante que sofrem por seus conterrâneos de Derry, no Maine. O surgimento de uma criatura que consegue assumir qualquer forma e se alimentar do medo dos habitantes daquela cidade torna a vida dos jovens mais complicada ainda. Passados 27 anos do embate entre o grupo e “a coisa”, parece que há espaço para mais um encontro.

O filme é bastante extenso, com quase três horas de duração, e muito disso se dá pela quantidade generosa de flashback e até mesmo de passagens inéditas de cenas com o elenco infantojuvenil, que ajudam a reconectar o público a esses personagens ou até mesmo a contextualizar quem está vendo a sequência sem ter conferido o anterior.

Um elenco de peso foi escolhido para representar a versão adulta dos personagens, incluindo aqui os premiados Jessica Chastain, Bill Hader e James McAvoy. Um aspecto curioso dessa segunda parte da história é perceber como os traumas e problemas da infância daqueles jovens permanecem presentes em algum aspecto de suas vidas.

Eddie (James Ransone), que antes tinha uma mãe castradora, agora é casado com uma mulher tão sufocante quanto. Em uma escolha acertada, ambas são interpretadas pela mesma atriz, Molly Atkinson. Bev (Jessica Chastain), cujo trauma de infância é ter sofrido com as atitudes abusivas de seu pai, agora é uma bem-sucedida designer de moda em Chicago, mas vive atrelada a relacionamentos amorosos abusivos.

Um dos grandes trunfos da obra original é a forma pouco convencional como King aborda o horror. Claro, Pennywise, a forma mais comum que a criatura assume, na figura de um palhaço, é intimidadora e faz coisas pavorosas. No entanto, é a atitude dos seres humanos que nos fazem por em xeque sobre nossos próprios atos terríveis.

A sequência inicial deste novo filme parece refletir o entendimento do diretor Andy Muschietti sobre essa questão. Um casal de homossexuais é agredido a socos e pontapés em um local não muito distante de um iluminado parque de diversões em Derry. Ou seja, os moradores da cidade, sob influência ou não de Pennywise, revelam sua face perversa e é esse duplo terror que o Clube dos Perdedores deverá enfrentar mais uma vez aqui.

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