Depois de anos de promessa como parte do misterioso projeto de mobilidade urbana, a Prefeitura de Boa Vista começou a reforma da Avenida Carlos Pereira de Melo (foto acima) , a principal via de escoamento e acesso ao populoso bairro Cidade Satélite e a outros bairros daquele setor da zona Oeste, como União, Piscicultura e Jardim Primavera. A proposta anterior seria tornar aquela via de mão-única, mas os protestos de empresários e comerciantes daquela região surtiram efeito e a prefeita Teresa Surita (MDB) teve que recuar.
Como não há transparência, ninguém sabe o valor nem se realmente aquela obra está inclusa no milionário projeto de mobilidade, que consumiu R$60 milhões, dinheiro emprestado da Caixa Econômica Federal e que nós, contribuintes, iremos pagar a partir da gestão do próximo prefeito ou prefeita. Nem mesmo questionada por vias judiciais, a Prefeitura de Boa Vista explicou os gastos e quais obras são estas. Tudo continua envolto em nuvens de mistério.
Teresa fecha a cara quando alguém questiona valores desses mega projetos que ela desenvolve com grande volume de recursos próprios ou de origem federal. O projeto de mobilidade urbana é somente um deles. O da limpeza urbana e jardinagem é outro que dá calafrios e faz a prefeita ficar nervosa o dia inteiro, o que a faz levar para as redes sociais a fim de desabafar, alegando que está sendo perseguida. Prestar conta é uma obrigação, mas tal mister não entra na agenda da chefe do Executivo.
Enquanto faz propaganda do asfaltamento da Av. Carlos Pereira de Melo, a obra de duplicação da ponte sobre o Igarapé Caranã, na Avenida Parimé Brasil, que também dá acesso ao Cidade Satélite, está abandonada há meses, muito antes de o inverno começar. Há mais de um ano, a ponte foi construída com estrutura muito estreita para o tráfego da larga avenida projetada para receber um grande fluxo. E curiosamente a duplicação só começou a partir de quando a prefeita passou a ser questionada sobre os gastos com o projeto de mobilidade. Mas os trabalhos não demoraram a ser paralisados.
Como não há placa indicando valores e fonte de recursos destinados para duplicar aquela ponte, é impossível saber os detalhes. Resta ao contribuinte esperar que tal obra não fique na lista das que são paralisadas propositadamente para depois a empreiteira pedir aditivos que, no final, dobram e até triplicam o valor inicial licitado. Pedido de aditivo tornou-se uma artimanha para encarecer obras depois de licitadas.
Diante disso, torna-se imprescindível pedir atenção por parte dos órgãos fiscalizadores. É necessário ficar de olho no que está acontecendo com aquela ponte que liga os bairros Jardim Caranã e Cidade Satélite, enquanto a Prefeitura faz propaganda com a Av. Carlos Pereira de Melo. Também é necessário que a Prefeitura esclareça os recursos gastos nas obras de mobilidade urbana. Não podemos começar a pagar a conta desse milionário empréstimo sem que os gastos tenham sido passados a limpo.
*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br