A crueldade dos assassinatos ocorridos em Roraima, em especial em Boa Vista, não tem despertado o alarme das autoridades com relação à fragilidade da segurança pública.  O Governo de Roraima finge que nada de anormal está ocorrendo, inclusive o governador Antonio Denarium (PSL) chegou a dizer que a violência teria sido reduzida no Estado.

Na verdade, muitos estão calados como se houvesse um pacto informal a permitir as facções se enfrentarem nos seus acertos de conta, pois tem-se a ideia de que a sociedade aprova a eliminação entre os bandidos.  Com essa “autorização informal”, a carnificina foi declarada há tempos, com o cume do horror explícito no caso do adolescente que foi degolado e o coração arrancado, além de uma adolescente de 17 anos executada, cujo corpo não foi encontrado.

As polícias têm dado a resposta na medida de seus limites, quando ocorrem esses crimes. Mas isso não tem inibido as ações criminosas. Os policiais trabalham sem condições em questões simples, a exemplo da falta de papel e tinta nas delegacias da Polícia Civil. A Polícia Militar não tem sequer gasolina e viaturas suficientes para atuar no serviço ostensivo.   As denúncias nesse sentido são recorrentes na imprensa e redes sociais.

Não se sabe no que realmente esse governo está atuando, pois não dá conta da segurança pública e ainda pede que a intervenção federal continue no sistema prisional, onde as facções têm seus líderes e membros com poder de mando.  Não fosse essa intervenção, o quadro de violência seria muito pior, pois os presídios atuam também no limite de sua estrutura ultrapassada.

Nem o presídio do Município de Rorainópolis, no Sul do Estado, o governo consegue concluir a obra, a fim de desafogar as estruturas na Capital.  Essa obra é o símbolo da vergonha de seguidos governos, que se mostraram incompetentes para resolver os problemas que cercam a obra.  A atual administração faz silêncio sobre o presídio e segue a trilha de seus antecessores.

A população vê-se órfã e submetida a uma insegurança constante, em especial quem mora nos bairros mais afastados do Centro, aonde o poder público só chega em tempos de eleições. A descrença na Justiça e a ausência da polícia fizeram com que se tornasse normal cena de populares fazendo  justiça com as próprias mãos, prática  que se via somente em livros e filmes sobre a Idade Média.

Estamos nos tornando um povo bárbaro, espancando ladrões no meio da rua, geralmente venezuelanos, e aplaudindo que bandidos se matem e matem quem eles julgam merecer, numa espécie de canibalismo social, já que não temos segurança pública. E o governador no Facebook fazendo selfies em solenidades sem fim…

*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br

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