Discurso da prefeita Teresa Surita sobre o trânsito muda de acordo com sua conveniência

 

Quando era para justificar  a “indústria da multa” instalada em Boa Vista, a prefeita Teresa Surita (MDB) divulgava que a violência no trânsito havia sido reduzida e que o número de mortes diminuído nos locais onde radares de velocidade foram instalados. Embora  números e dados concretos não tenham sido apresentados, isso passou a ser “verdade” nas mídias municipais, mesmo que as estatísticas do Seguro DPVAT afirmassem o contrário.

Quando  a política do “arrocha na multa” chegou ao limite máximo, a partir de um decreto que instituiu como critério de avaliação dos agentes de trânsito a quantidade de multas aplicadas, a prefeita foi pressionada a recuar.  E a saída foi revogar o decreto e adotar a educação no trânsito como outra prioridade, em vez de  somente a repressão, que obrigava os agentes de trânsito a multarem a qualquer custo.

Diante do novo quadro,  a Prefeitura passou a divulgar que Boa Vista é a cidade mais violenta no trânsito, inclusive isso consta nas peças publicitárias divulgadas na mídia impressa.  Ou seja, quando era para justificar a “indústria das multas”, a prefeita dizia que a violência caiu. Agora, para justificar as campanhas educativas na mídia, ela diz que a cidade continua com alto índice de violência no trânsito.

O fato é que a repressão é necessária, sendo a forma mais dura de frear a violência no trânsito, mas o problema é que a Prefeitura adotou a política do “arrocha na multa” sem antes investir na educação e na mobilidade urbana.  O resultado disso foi a ira do boa-vistense com as multas a qualquer custo,  com ruas esburacas, vias com sérios problemas que dificultam o deslocamento de veículos e pessoas, além da completa ausência de uma ação educativa na cidade, como se a obrigação da Prefeitura fosse apenas a de multar.

A raiva é crescente, mas nada justifica o que fizeram com um radar na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, que foi destruído.  Porém, todo o aborrecimento  poderia ter sido evitado se as decisões  fossem seguidas de campanhas educativas e de esclarecimento, obedecendo às normas, como a de as empresas estarem regulares junto ao órgão fiscalizador, o Crea-RR, antes de começarem a multar.

A Prefeitura tem o péssimo comportamento de tomar decisões sem consultar a população e as lideranças.  O programa de estacionamento pago, o Zona Azul, foi outra decisão tomada sem ouvir as pessoas, o que possibilitou uma liminar judicial que suspendeu sua aplicação.  Tudo é feito sem transparência, principalmente quando se trata de contratar empresas. O cidadão nunca sabe como os recursos públicos são gastos e valores pagos nos contratos licitados.

O trânsito é apenas um exemplo de como a falta de transparência e diálogo pode afetar a vida das pessoas. Falta agora saber como os altos valores são gastos e os prejuízos que eles vêm provocando aos cofres públicos. Se as pessoas canalizassem essa raiva direcionada aos radares de velocidade para a falta de transparência com os altos valores pagos às empresas licitadas, muitas vezes sob suspeita, iríamos ter uma Boa Vista realmente bonita de se ver.  Mas quem tem essa coragem? Quem se habilita?

*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br

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