O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é algo que costuma preocupar os estudantes que irão realizar a prova. Para Maurício Paz, professor de História, o principal processo seletivo do país tende a ser o mais nacionalista possível, dando pistas do que o candidato pode esperar.
“O Enem tem se mantido, no âmbito da prova de ciências humanas, com um perfil de teste que exige conhecimentos e reflexões acerca da realidade brasileira. Assim sendo, temas relacionados ao Brasil são mais recorrentes do que temas internacionais. Mas quando as questões fazem alguma referência a um fato ou temática internacional, é comum que elas estabeleçam relações com a realidade brasileira”.
Além disso, o professor comenta que, apesar das recentes modificações no alto escalão que rege o Enem, a prova deste ano dificilmente terá grandes diferenças das últimas edições. “Como o Enem é elaborado a partir de um banco de questões previamente testadas e calibradas segundo a metodologia de Teoria de Resposta ao Item (TRI), é muito difícil que tenham modificações imediatas, uma vez que o banco de questões foi construído ao longo de 21 anos de existência do exame”.
O professor Maurício Paz, e o coordenador da área de História, Norton Frehse Nicolazzi Junior, separaram alguns acontecimentos históricos que completam jubileu em 2019 e têm maior chance de serem abordados nas provas.
Veja resumo de sugestões de temas:
Dez anos do Novo Acordo Ortográfico (2009).
Em 2009, foi adotado no Brasil o novo sistema ortográfico, firmado entre países de língua portuguesa. A medida visava unificar algumas regras e facilitar a difusão internacional da língua. Aprovado em 1990 por nove países, incluindo Portugal, o acordo substituiu sistemas ortográficos instituídos na década de 1940. Implementado, afetou 0,8% das palavras usadas pelos brasileiros.
O Brasil foi o primeiro país a começar a aplicar as novas regras — assuntos políticos, econômicos e burocráticos atrasaram a adoção das normas no mundo. Aqui, foram sete anos de transição até o sistema se tornar definitivamente obrigatório em 2016.
Dica de livro: “O Novo Acordo Ortográfico – O que vai mudar na grafia do português”, João Malaca Casteleiro e Pedro Dinis Correia
Dez anos do surto de H1N1 no Brasil (primeira pandemia do século XXI) (2009)
O H1N1 é um vírus da influenza tipo A. O primeiro surto da doença, que ficou conhecida como gripe suína, aconteceu em 2009. Na ocasião, a Organização Mundial da Saúde emitiu um alerta de pandemia – 74 países haviam registros da doença. Desde então, há surtos sazonais da doença.
Vinte e cinco anos do Plano Real (1994)
Plano Real foi o programa brasileiro de estabilização econômica que promoveu o fim da inflação elevada no Brasil, situação que já durava aproximadamente trinta anos. Até então, os pacotes econômicos eram marcados por medidas como congelamento de preços.
O Plano passou por três fases: O Programa de Ação Imediata, a criação da URV (Unidade Real de Valor) e a implementação da nova moeda, o Real.
Dica de livro: “História do Plano Real”, de Luiz Filgueiras
Vinte e cinco anos da morte de Ayrton Senna (1994)
O piloto brasileiro Ayrton Senna morreu no GP de San Marino, em 1º de maio 1994, na Itália. A corrida em que ele se acidentou era apenas a terceira etapa da temporada. O piloto era tricampeão mundial de Fórmula 1.
Dica de livro: “Ayrton Senna, uma lenda a toda velocidade”, de Christopher Hilton
Trinta anos do falecimento do pintor Salvador Dalí (1989)
Nascido em 11 de maio de 1904, em Figueres, na região da Catalunha, Salvador Felipe Jacinto Dalí ficou conhecido mundialmente por seu trabalho surrealista. Entre 1921 e 1925, estudou na Academia de San Fernando, em Madri, onde ficou amigo do poeta Federico Garcia Lorca e do cineasta Luis Buñuel. Em 1925, na Galeria Dalmau, em Barcelona, ele organizou sua primeira exposição individual, ocasião em que pintores como Picasso e Miró se interessaram por seu trabalho. Ele morreu no dia 23 de janeiro de 1989.
Trinta anos da queda do Muro de Berlin (1989)
O muro de Berlim foi o símbolo máximo da bipolarização do mundo durante a Guerra Fria e sua queda representou o fim do socialismo como alternativa de modelo econômico naquele contexto. Ele separou a cidade em Berlim Oriental e Berlim Ocidental durante mais de 28 anos, desde sua construção em 1961 até a sua derrubada em 1989.
Dica de livro: “1989 – O ano que mudou o mundo -A verdadeira história da queda do Muro de Berlim”, de Michael Meyerberg
Trinta anos da fundação da cidade de Palmas como capital do novo estado Tocantins (1989)
Palmas é um município brasileiro, sendo a capital e também a maior cidade do estado do Tocantins. A cidade foi fundada em 20 de maio de 1989, logo após a criação do Tocantins pela Constituição de 1988. Antes desta data, Palmas foi planejada inicialmente pelos arquitetos Luiz Fernando Cruvinel Teixeira e Walfredo Antunes de Oliveira Filho, sendo que a partir daí, a cidade começou a ser construída pelos trabalhadores que vieram do interior do Tocantins e de vários outros estados do país. Entretanto, somente a partir do dia 1° de janeiro de 1990, é que Palmas passou a ser a capital definitiva do estado, já que antes a cidade ainda não possuía condições físicas de sediar o governo estadual, que estava alocado temporariamente no município vizinho de Miracema do Tocantins.
Trinta anos das primeiras eleições diretas para presidente após a ditadura civil-militar brasileira (1989)
Depois de quase 30 anos sem votar para presidente da República, a população brasileira se viu diante de 22 candidatos em 1989, um número recorde ao posto mais alto do Executivo. A principal reivindicação das Diretas Já finalmente virava realidade e várias linhas políticas buscavam chamar a atenção e ganhar o voto do eleitor.
Quarenta anos da posse de Margaret Thatcher como primeira ministra do Reino Unido (1979)
Primeira mulher a chefiar um governo parlamentar na história da Europa, Thatcher ficou onze anos e meio no poder, de 1979 a 1990, tempo mais do que suficiente para os princípios que defendia (menos governo, menos despesas e independência em relação à União Europeia) se fixarem profundamente no modo de vida britânico. Vinte anos depois do fim de seu governo, o “thatcherismo” continua tão atual na Grã-Bretanha quanto a monarquia, o peixe com batata frita e a cerveja quente dos pubs – mais do que uma convicção política, é uma instituição nacional.
Cinquenta anos de Woodstock (rock’n’roll, movimento hippie e contracultura) (1969)
O festival de rock mais famoso de todos os tempos rolou em agosto de 1969, em uma fazenda na cidade americana de Bethel, a cerca de 160 quilômetros de Nova York. Woodstock é o nome da cidade escolhida originalmente para abrigar os shows, mas acabou não rolando e, depois de idas e vindas, os organizadores desistiram da cidade e alugaram uma fazenda em Bethel mesmo, menos de um mês antes da abertura do festival.
Dica de livro: “Aconteceu em Woodstock”, Elliot Tiber.
Cinquenta anos da chegada do homem à Lua (1969)
Em 20 de julho de 1969, o astronauta americano Neil Armstrong tornou-se o primeiro ser humano a caminhar sobre a Lua, seguido pelo astronauta Edwin “Buzz” Aldrin, seu companheiro de missão. Em todo o mundo, cerca de um bilhão de pessoas assistiram à cena televisionada, testemunhando o que viria a ser uma das maiores conquistas tecnológicas de todos os tempos e um marco do progresso científico.
Cem anos do Tratado de Versalhes (1919)
O Tratado de Versalhes foi um acordo celebrado pelos países envolvidos na Primeira Guerra Mundial, visando pôr fim ao conflito. Foi celebrado em Paris, na França em 28 de junho de 1919, entrando em vigor em 10 de janeiro de 1920. O tratado pôs fim às hostilidades iniciadas em 1914 entre potências europeias, suas colônias e aliados ao redor do mundo, devolvendo ao continente a paz e determinando as consequências do conflito e os rumos das relações no continente e fora dele.
Dica de livro: “O Tratado de Versalhes – A Paz Depois da Primeira Guerra Mundial”, Harold Nicolson.
Duzentos e trinta anos da Tomada da Bastilha em Paris e início da Revolução Francesa (1789)
O termo “Queda da Bastilha” diz respeito a um evento de enorme significado simbólico, ocorrido em 14 de julho de 1789, num contexto de agitação política, social e econômica na França.
Dica de livro: “A Queda da Bastilha”, Guy Chaussinand-Nogaret