Morreu nesta sexta-feira, aos 85 anos, o roqueiro Serguei. Com a saúde debilitada sobretudo a partir de 2013, o cantor começou a passar por dificuldades financeiras. Recebia uma ajuda mensal da Prefeitura de Saquarema. Portador do Alzheimer, foi internado no dia 6 de maio, com desidratação, desnutrição e infecção urinária.
Serguei não era um grande astro do rock. Serguei não compôs nem gravou clássicos inesquecíveis do cancioneiro nacional. Serguei não era um artista de obra profundamente original. Serguei não era um pensador agudo do pop. Serguei não era um farol hippie a guiar a juventude num mundo yuppie.
Seu grande feito, porém, foi ter criado em torno de si um personagem que era tudo isso — e no qual ele, mais do que ninguém, acreditava. Um personagem que teve um caso — ou como quiserem chamar um relacionamento na era amor-livre-flower-power — com Janis Joplin, frequentou festas com Jim Morrisson e Jimi Hendrix, assumiu um posto de guru pansexual que transava com árvores, mereceu um museu dedicado à sua pessoa, foi o grande bastião do rock nacional em meio à caretice da MPB. Com um inegável carisma (e pouquíssimos discos), criou uma mitologia em torno de si que o levou a realizações reais — como o épico show no Rock in Rio de 1991.
A idade e a saúde frágil na última década não o impediram de manter até o fim o folclore em torno de sua figura rock’n’roll.