Foto: Correio da Manhã

Em busca de um padrão estético, criadores e proprietários costumamrecorrer a cirurgias para esculpir orelhas ou encurtar as caudas de seus cães.Isso é algo muito comum ainda hoje. Será que é bom para o animal? Existem muitas controvérsias quanto a esse tema. Percebe-se que há uma grande diversidade de opiniões sobre o assunto, que tem gerado discórdia. Alguns países proibiram por completo o corte das orelhas e da caudaO argumento principal é o sofrimento do animal e a crueldade com ele. A preocupação do Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Roraima (CRMV-RR), Francisco Edson Gomes, é informar a sociedade sobre esse tipo de procedimento e mostrar o que a Lei rege. 

Médica Veterinária e Presidente da Comissão Estadual de Bem-Estar Animal do CRMV-RR, Raquel Silva Lisbôa, esclareceque esse tipo de intervenção cirúrgica, para fins estéticos, é proibida no Brasil há mais de uma década.Existe uma resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), N.877 de 2008 proibindo corte das orelhas, da cauda, das pregas vocais e das garras dos felinos, para fins estéticosSão considerados mutilantes. Só é permitido comindicação clínica cirúrgica”.

Raquel Lisbôa lembrou que esse tipo de procedimento é mais realizado nas raças Boxer e Pit Bull, para que o animal fique com cara de bravo ou um pouco mais compacto. Nos felinos, a mutilação era feita para que não aranhassem os donos e nem as mobílias de casaNão é uma finalidade importante e necessáripara o animal. Mas, mesmo com a proibição dada pelo CFMV, a prática ainda é comum no Brasil.

Ela explicou que a orelha, rabo e unhas tem uma importante função para a expressão corporal e comunicaçãocom outro da mesma espécie e até com os humanos. “Quando você vê um cachorro com a orelha levantada, a cauda ereta significa que ele está alerta. rabo balançando é sinal de que está feliz. O latido também é uma forma de se comunicar do animal. Se isso é retirado ou cortado vai afetar diretamente a forma do animal de se comunicar”, afirmou Raquel Lisbôa.

QUANDO É PERMITIDA A CIRURGIA

A médica veterinária e membro da Comissão de Bem-Estar Animal do CRMV-RR, Taiza Faria, afirmou que em algumas situações específicas se faz necessário esse tipo de cirurgia. “Se o animal sofreu um atropelamento e teve uma fratura na cauda ao qual não tem como reparar com medicamento ou outro procedimento legal, então nesse caso, pode ser feito a caudectomia como tratamento cirúrgico. Também podem surgir casos de lesões na orelha como bicheiras,talvez precise fazer a cirurgia de retirada da orelha. Todos os diagnósticos e procedimentos devem ser feitos pelo médico veterinário em uma clínica ou hospital veterinário. Ele terá que passar por uma avaliação pré-cirúrgica por exames e durante o procedimento o animal deve ser acompanhado por um anestesista, para monitorá-lo até o pós-operatório, onde esse animal terá uma intervenção por antibióticos, antiinflamatórios e analgésicos na própria clínica ou em casa, se tiver alta”, explicou Taiza Faria.

ANESTESIA

Taiza mencionou que a anestesia é importante para a recuperação ser mais rápida, para que o animal se mantenha parado e sem sentir dor no momento e após a cirurgia“Cirurgias mutilantes feita pelos próprios tutores, em casa ou em canis, usando apenas anestesia local, utensílios não cirúrgicos e com contençãonão são permitidos.Por ser locais altamente inervados, oanimal sofre com dores crônicas e psicológicas,mesmo sendo filhote”, explicou a médica veterinária.

DENÚCIAS

Taíza Faria informou que se uma pessoa souber ou visitar um canil que apresente animais sendo mutilados com orelhas ou rabo cortados, pode fazer uma denúncia normal noDepartamento de Polícia e registrar o Boletim de Ocorrência.Se a pessoa souber que um médico veterinário esteja fazendo esse tipo de procedimento de forma ilegal deve denunciaesse profissional ao Conselho Regional de seu Estado. Pode usar fotos, vídeos, gravações de áudios para complementar denúncia. A penalidade, em geral, pode ir de três (03)meses a um (01) ano de detenção multas. Dependendo de cada caso, te os agravantes.

CONSCIENTIZAÇÃO

Para a Raquel Lisbôa falta mais orientação e esclarecimento à população sobre esse tipo de crime. “Eu comparo, esse tipo de cirurgia, como se uma pessoa tiver o braço amputado.Fará muita falta aquele membro. Ainda mais tirar docorpo sem necessidade. As pessoas precisam entender isso”, concluiu a médica veterinária.

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