Foto: Agência Brasil

A interiorização chegou a Minas Gerais neste final de semana, quando, na última sexta-feira, desembarcaram 37 dos 226 venezuelanos dentro da estratégia do governo federal apoiada por Agências das ONU no Brasil e a sociedade civil. O trabalho de acolhimento foi articulado pela rede Acolhe Minas, liderada pelo Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR) e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), com apoio da Arquidiocese de Belo Horizonte, da Paróquia da Igreja da Boa Viagem e do Exército Brasileiro, dentre outros atores.

O processo incial da acolhida durou todo o final de semana. Na noite de sexta-feira (15), as pessoas venezuelanas foram levadas para o 12° Batalhão da Infantaria do Exército, onde pernoitaram para, no dia seguinte, seguirem em direção a suas novas casas pelos próximos três meses.
Antes mesmo do sol nascer, as famílias já estavam de pé para tomar o desayuno farto e chegar até seus destinos finais. Apesar do cansaço da viagem, não faltou disposição às 11 pessoas que seguiram mais 7 horas de estrada até a Casa Padre Pedro Arupe, em Montes Claros (MG). Acompanhadas pelo Padre Agnaldo Junior, do Serviço Jesuíta e transportadas pelo Exército, as famílias chegaram em segurança ao norte do estado.
26 venezuelanos permaneceram em Belo Horizonte, em dois pontos distintos da cidade: famílias ficaram na Casa Alberto Hurtado, no bairro Campo Alegre, e homens sozinhos na Casa do Migrante, inaugurada próxima à histórica Igreja da Boa Viagem, no centro da cidade.
O ACNUR apoiou a montagem e estruturação da Casa do Migrante e Refugiado, que é a primeira do estado, com a compra de eletrodomésticos, camas, colchões e outros itens básicos para garantir conforto aos novos moradores. Mesmo em baixo de chuva, a equipe do Serviço Jesuíta que gere os abrigos realizou uma calorosa acolhida. Lá, cartazes de boas vindas e mais um café da manhã os aguardavam.
Durante a primeira roda de conversa, realizada na entrada da casa, os depoimentos trouxeram à tona a complexidade de sentimentos compartilhados entre os venezuelanos forçadas a deixar tudo para trás: angústia, gratidão, dor e esperança. “A verdade é que muitos de nossos amigos e familiares estão na Venezuela morrendo, ou de fome ou por falta de medicamentos. Esse gesto do governo brasileiro, de se mobilizar para nos acolher aqui, será bem recompensado, porque esses 14 homens que estão aqui, assim como eu, tiveram que deixar para trás nossas famílias, filhos, amigos, carros, casa, tudo o que tínhamos. E o que queremos é viver em paz. Trabalhar, poder trazer nossa família e poder seguir adiante”, disse Roger, que trabalhava no setor metalúrgico na Venezuela.

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