Padre Paulo e Pastor Lima comentaram sobre o decreto que simplifica a posse de arma. Foto: Arquivo pessoal

Está previsto para esta semana, a assinatura do decreto que simplifica a comprovação da efetiva necessidade de posse de arma de fogo para cidadãos sem antecedentes criminais. A proposta, que é uma promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL), prevê facilidades para conseguir ter uma arma em casa.

Diante às discussões que o tema trouxe, tanto pelos argumentos jurídicos, políticos e as questões morais, o Roraima 1 conversou com duas lideranças religiosas no estado a respeito do decreto.

O padre Paulo Mota disse não concordar com o decreto. O pároco da igreja Catedral Cristo Redentor, destacou que o catecismo da igreja católica garante o direito da autodefesa, mas a prioridade é preservar a vida.

“Não me parece cabível que a posse de armas seja o caminho para resolver o problema da segurança no Brasil. No meu ponto de vista, quando o governo decreta a possibilidade de cidadãos terem a posse da arma, ele está favorecendo, primeiramente, um pensamento coletivo de que o Estado é incapaz de exercer sua função que é a garantia do direito da segurança a cada cidadão e cidadã”, comentou.

O padre ainda fez uma análise do governo de Bolsonaro e disse a posse de armas não deveria ser o tema prioritário de um governo recém empossado. “Nós temos no Brasil milhões de desempregados, uma Educação carente, uma ‘Saúde na UTI’ em todos os estados e não temos segurança para as pessoas nas grandes e pequenas cidades. Sendo assim, eu acredito que o tema prioritário deveria ser um ajuste do Brasil”, declarou.

Já o pastor Antônio Lima, defende que o governo deve sim facilitar a posse de arma, uma vez que não consegue desarmar os criminosos. O presidente da Igreja Paz de Boa Vista, disse haver uma injustiça quando o sistema facilita bandidos a terem armas de fogos e cidadão comum, não.

“Eu sou a favor da liberação da posse de arma, por pessoas que tenham bons antecedentes, que recebam treinamento, que tenham bom histórico de convívio social. Os governos tinham que garantir nossa segurança, uma vez que eles não garantem, eles não podem proibir a posse de arma. Ao menos que eles consigam desarmar todos os bandidos”, declarou.

O pastor falou ainda que Deus guarda e protege, mas é preciso permitir a autodefesa e comparou o índices de homicídios de cidades dos EUA, onde a posse de arma é permitida, com a cidade do Rio de Janeiro. “Se você olhar as estatísticas, nos EUA, em um ano, morreram menos de uma dezena de pessoas por arma de fogo. Já no RJ, foram milhares. E aqui a arma é proibida e lá é liberada”, pontuou.

O pastor Lima reforçou que a sua opinião sobre o decreto do presidente Jair Bolsonaro pode ser contrária ao pensamento de demais evangélicos e destacou que não pretende ter uma arma de fogo em casa.

Decreto
Atualmente, a compra de arma de fogo tem condições restritas. O decreto prevê simplificar a compra de arma de fogo. Segundo a proposta, moradores de zona rural que comprovarem a necessidade e moradores de municípios com mais de 10 homicídios por 100 mil habitantes [a maioria das capitais brasileiras está dentro dessa faixa], poderão ter a posse de arma.

A assinatura do decreto deve ocorrer até a terça-feira (15), conforme anúncio do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

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