A falta de planejamento do Governo do Estado está gerando consequências sérias para os servidores públicos, assim como para a população. Policiais civis e militares, bombeiros, técnicos e funcionários em geral, que dedicam boa parte de sua vida no atendimento à população, estão passando dificuldades por conta do atraso dos salários.
Segundo os servidores, o motivo alegado pelo governo sobre o atraso não tem justificativa. Para eles, a atitude demonstra indiferença e desprezo pelo funcionalismo, pelo ser humano, pelas famílias que, podem não ter outra fonte de renda. Os servidores necessitam do salário para atendimento de necessidades básicas como alimentação, moradia, vestuário, assistência médica, entre outras.
Desde o dia 23 de outubro, um grupo com cerca de 80 famílias, entre esposas e filhos de policiais militares, civis e bombeiros, está acampado em frente ao Palácio do Governo, em protesto ao atraso ao pagamento salarial dessas categorias. Entre esses familiares, há esposas desses profissionais que podem perder casa e carro financiados, além de não terem recursos para arcar com despesas de casa, como alimentação e escola dos filhos.
Flávia Souza Aguiar, esposa de policial militar, disse que as famílias estão se mantendo porque a população tem sido muito solidária, doando cestas básicas. “A situação é grave. Mas somos gratas às pessoas que passam aqui com a gente e nos ajudam como podem”, comentou. Ela disse que, das cestas que recebem, também enviam para famílias de policiais no interior do Estado.
Embora todas queiram relatar o momento em que estão passando, Greyce Ingrid Brito, mãe de três crianças, foi quem disse que não sabe mais o que fazer, para não perder o carro que já está para busca e apreensão, a casa financiada pela Caixa está em protesto e mensalidades escolares dos filhos atrasadas. “Não sou só eu, mas todas nós e nossos esposos estamos desesperados, preocupados”, ressaltou.
Greyce contou que esteve na Caixa Econômica Federal (CEF) e deram até o dia 21 deste mês para pagar mensalidade em atraso, para evitar que a instituição financeira retome o imóvel. “São muito problemas, e tem ainda a escola dos meus filhos que está com mensalidades atrasadas. Já estive lá, relatei a situação e estou aguardando um posicionamento”, comentou. Quanto a alimentação, disse que as famílias fazem as refeições com a doações que chegam ao acampamento.
As esposas foram unânimes em afirmar que gostariam muito que a Justiça liberasse recursos do IPER (Instituto de Previdência do Estado de Roraima) para que os salários dos servidores estaduais fossem colocados em dia e assim pudessem sanar as dívidas que só acumulam. “Somo favoráveis, é somente uma parte, algo em torno de 5%, mas desde que o Governo não tenha participação com essa verba, caso seja liberada”, disseram.