O governo cubano anunciou nesta quarta-feira (14) o fim da parceria com o Brasil no programa Mais Médicos. Os pontos alegados para o rompimento foram os questionamentos feitos pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), sobre a qualificação dos médicos cubanos e a exigência de revalidação dos diplomas. Com a saída de Cuba, Roraima deve perder 66 médicos do programa.
Bolsonaro se pronunciou sobre o assunto por meio de sua conta no Twitter. “Condicionamos à continuidade do programa Mais Médicos a aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”, publicou.
A Secretaria Estadual da Saúde (Sesau) informou que no estado atuam 160 profissionais do programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde, sendo 66 deles cubanos. Dentre estes, 28 estão trabalhando nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, DSEI Yanomami e do Leste.
Em nota, a Coordenação Estadual do programa Mais Médicos lamentou o fim da parceria e destacou que a saída dos profissionais terá um impacto bastante negativo, principalmente, no atendimento à população indígena.
“Essas áreas, antes da implantação do programa, eram consideradas vazios assistenciais de atenção à saúde. Nas comunidades indígenas e nos municípios do interior, a fixação de médicos sempre foi difícil. O maior desafio para a próxima gestão será repor os médicos que atualmente trabalham nas áreas indígenas e em localidades do interior do Estado”, completou a nota.
A prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), usou as redes sociais para comentar o assunto. Ela demonstrou preocupação com a saída dos médicos cubanos do programa. “Temos oito médicos cubanos lotados em unidades de saúde do município. Os municípios do interior e dos DSEI todos são da cooperação Brasil x Cuba. Não sei como vamos nos virar”. A prefeita citou ainda que entre as unidades de Boa Vista atendidas por médicos cubanos estão: Centenário, Asa Branca, Arminda Gomes, Liberdade, São Bento e São Vicente.
Mais Médicos – O programa foi criado no governo da então presidente Dilma Rousseff (PT), no ano de 2013, para ampliar o número de médicos no interior do país. Os cubanos são maioria, ocupando 8.332 das 18.240 vagas do programa. O restante é ocupado por médicos brasileiros formados no Brasil e no exterior e profissionais de outras nacionalidades. Cerca de duas mil vagas estão em aberto. Os médicos cubanos vieram ao Brasil por meio de cooperação com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).