Órgãos de identificação têm mais um ano para se adaptar aos padrões da nova carteira de identidade Foto: Arquivo/RR1

Na frente do Instituto de Identificação Odílio Cruz, no bairro Liberdade, zona Sul de Boa Vista, uma fila se formou às 4h da manhã dessa quarta-feira (14). Cerca de 30 pessoas aguardavam o instituto abrir para solicitar a emissão do documento de identidade. Mas, às 7h15 foram informadas por um servidor que não haveria atendimento.

Os serviços estão suspensos há pelo menos duas semanas. O servidor, que não quis se identificar, informou que não há material para a impressão das cédulas de identidade nem condições de trabalho devido ao atraso dos salários.

A falta de atendimento foi alvo de reclamação por parte dos que esperavam na fila. A aposentada Alzira Moreira Matos, 59, tentou tirar a segunda via da identidade, voltou para casa sem sequer entrar no instituto. “Sinto tristeza e revolta por o estado chegar a esse ponto”, disse.

O servidor público, Valdemir Lima, 64, está com viagem marcada com a família para dezembro. Ele está com medo de não conseguir tirar o documento de identidade da filha que é menor de idade e ter problemas na viagem. Ele criticou a falta de informação no local.

“Não tem ninguém para dá uma informação mais concreta de quando os serviços serão normalizados. É uma falta de respeito. A gente está pagando por isso, não é um favor”, disse.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Roraima (Sindpol), Leandro Almeida, a falta de pagamento de fornecedores e o atraso dos salários dos servidores está prejudicando o atendimento à população em todos os órgãos ligados à Polícia Civil.

“A Polícia Civil está praticamente com as portas fechadas. Há quase seis meses que nenhum fornecedor recebe, exceto o fornecimento de combustível que está assegurado por uma decisão judicial. Todo o atendimento das delegacias de Boa Vista está concentrado na Central de Flagrantes, porque não tem mais material de consumo diário para as delegacias”, desabafou.

O presidente informou que o sindicato acionou a justiça para a regularização dos salários atrasados dos servidores. “Nós temos um mandado de segurança protocolado no Tribunal de Justiça, com liminar deferida, obrigando o Estado a pagar o salário do mês de outubro que está atrasado. O salário de setembro que era para ter sido pago no dia 10 de outubro, foi pago no dia 9 de novembro. O de outubro era pra ter sido pago no dia 10 passado, mas até agora não saiu”, frisou.

Em nota, a Polícia Civil informou que os serviços prestados pelo Instituto de Identificação Odílio Cruz foram afetados devido à crise financeira do Estado. E que a prioridade do Governo do Estado no momento é o pagamento de salário dos servidores públicos, assegurado por medida judicial.

Segundo a nota, os fornecedores e prestadores de serviços serão pagos de acordo com a disponibilidade orçamentária. Sobre o funcionamento das delegacias, a informação é de que está sendo aguardada uma reunião com o Conselho Superior da Polícia para novas definições.

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