O primeiro escalão do governo de Roraima coleciona escândalos. Fotos: divulgação/SECOM RR

Roraima amanheceu com a notícia de que, finalmente, o governador Antonio Denarium (PP) retirou o maior orçamento do Estado das mãos de Cecília Lorezon.  Não voluntariamente, claro, pois tal decisão só ocorreu por pressão, nesse caso, do presidente da Assembleia Legislativa, Soldado Sampaio (Republicanos), que ameaçou abrir uma CPI para apurar irregularidades, supostamente comandadas por Cecília, naquela secretaria. Remanejada para outra pasta, a Secretaria de Governo Digital, ela acaba de pedir exoneração do cargo de liquidante da Cerr.

Fato é que a demora na exoneração da titular de uma das secretarias mais problemáticas do governo levantou grandes suspeitas sobre o que Cecília sabe sobre Denarium, que nada, até então, a derrubava. Isso ainda é um mistério. Nos bastidores da Assembleia Legislativa, entre os deputados, incluindo os da base, a mudança abrupta de secretária foi a confissão de culpa para tudo aquilo ali denunciado por Soldado Sampaio, e endossado pelos deputados Cláudio Cirurgião (União) e Jorge Éverton (Podemos).

Apesar de ser a mais proeminente, Cecília não é a única enrolada até o pescoço no alto escalão do Estado. O Esquadrão Suicida de Denarium tem nomes conhecidos e que também contam com a blindagem inexplicável do chefe do executivo estadual.

Os integrantes

Antonio Denarium (PP) e a secretária de Saúde, Cecilia Lorezon. Foto: Secom RR.

Cecília Lorezon (Sesau/Cerr/Digital)

Cecília Lorezon, secretária de Saúde. A suspeita popular é de que ela deve saber algum “podre” muito grande de Denarium, porque só isso justificaria a proteção do governador do estado diante de tantos escândalos na Sesau.

Até a Justiça já a afastou do cargo, mas na primeira oportunidade, o governador a reintegrou.

São vários os escândalos. O que a levou ao afastamento pela Justiça foi decorrente da operação Higeia, da Polícia Federal, que investigou suspeitas de fraude em cirurgias ortopédicas no estado.

O Tribunal de Contas de Roraima chegou a multar a secretária por irregularidades em licitações.

Há tempos, a secretaria tenta implicar a terceirização do Hospital Geral de Roraima. A resposta às sucessivas tentativas veio em forma de projeto, aprovado pelos deputados estaduais após pressão das categorias de saúde, que proíbe a privatização do gerenciamento das unidades públicas de saúde e dos serviços médico-hospitalares de média e alta complexidades em Roraima.

Recentemente, o presidente da Assembleia Legislativa de Roraima, Soldado Sampaio, pediu também a exoneração de Cecília Lorezon do cargo de liquidante da Companhia Energética de Roraima (Cerr), em cumprimento à lei que proíbe o acúmulo de cargos públicos. Cecília comanda a Cerr, que está em processo de extinção desde 2022.

Dilma Costa (Iteraima)

Presidente do Iteraima, Dilma Costa. Foto: arquivo/Secom RR

Dilma Costa, presidente do Instituto de Terras e Colonização do Estado de Roraima (Iteraima), foi a última representante do alto escalão do governador Antonio Denarium, até então, a estampar escândalos de corrupção nas páginas de jornais e sites de notícias do estado.

O motivo que levou o Ministério Público de Contas a investigar a autoridade foi a suspeita de grilagem de terras públicas que causou prejuízo de R$ 1,3 bilhão para os cofres do Estado. Para ficar mais claro, grilagem significa roubo de terras.

Segundo o MPC, Dilma burlou a legislação fundiária e e emitiu documentos sem seguir os trâmites corretos para regularizar áreas na Gleba Baliza, no município de Caroebe.

O MPC levantou a possibilidade da existência de uma organização criminoso atuando com aval do poder público.

O caso relembra um episódio violento recente causado por disputas de terras que envolve mais um nome do alto escalão do governo estadual. O assassinato do casal Flávia Guialarducci e Jânio Bonfim, na região do Surrão, no Cantá.

Helton John Silva de Souza. Foto: reprodução

Helton John, o segurança

Entre os suspeitos de envolvimento do duplo homicídio está um ex-segurança do governador Antonio Denarium, capitão da Polícia Militar de Roraima, Helton John Silva de Souza, que atualmente responde ao processo em liberdade. Até a data do assassinato, ele era chefe de segurança do governador.

Até o comandante da PM foi relacionado ao caso por suspeitas de interferir nas investigações do assassinato. O capitão Helton John disse em depoimento que o cel. Miramilton Goiano (comandante da PM-RR) pediu para ele trocar de celular após o crime.

Comandante da Polícia Militar de Roraima, coronel Miramilton Goiano. Foto:Alfredo Maia.

Coronel Miramilton, comandante-geral da PMRR

Falando no comandante-geral da Polícia Militar, lembre-se que ele é alvo de investigações da Polícia Federal sobre um poderoso esquema de comércio ilegal de armas e munições.

Foto: Reprodução/Facebook/Regys Freitas

Regys Freitas, Controlador-geral do Estado/UERR

Outra autoridade de alto escalão do governo Denarium que anda tendo problemas com a polícia é o controlador-geral de Roraima, Regys Freitas, acusado de agredir, ameaçar e perseguir a ex-exposa. A justiça concedeu uma medida protetiva para a vítima, proibindo o acusado de se aproximar dela.

Não foi o único escândalo protagonizado por Regys. Em 2023, quando era reitor da Universidade Estadual de Roraima foi alvo da Operação Harpia, da Polícia Federal, após a PF ter apreendido mais de R$ 3 milhões em dinheiro em um esquema de pagamento de propina que envolvia a UERR.

Regys Freitas pediu a anulação do mandado de busca e apreensão realizado pela PF no próprio gabinete alegando que o contrato com uma empresa de engenharia, investigada na operação, venceu licitação na UERR, publicada em fevereiro daquele ano. Contudo, por um erro, a publicação precisou ser republicada em 11 de agosto. Investigado, virou Controlador-Geral do Estado.

Foto: Facebook/Antonio Denarium.

Em comum, o chefe

Algo curioso em todos esses casos é o comportamento do governador Antonio Denarium. Escândalos tão contundentes e suspeitas de envolvimento direto de autoridades do alto escalão levariam qualquer chefe do executivo à sensata atitude de afastar os suspeitos, pelos menos, no decorrer das investigações, de suas funções.

É sabido que todos têm direito à ampla defesa e ao contraditório, e que alguém só é culpado após condenação. Mas cabe ao governador zelar pela moralidade do poder público. Manter nos cargos da mais alta confiança, pessoas que não se envolveram só em um, mas em sucessivos escândalos, não só demonstra um desrespeito com o cidadão, mas uma certa conveniência.

Denarium além de não afastar nenhum desses secretários (em relação aos casos citados aqui), manteve forte defesa, e até os renomeou quando afastados por determinação da Justiça.

A sabedoria popular é certeira quando diz: “Diga-me com quem andas e te direi quem és”.

1 comentário

  1. Aonde chegamos gente: cadê o legislativo que não pede o impedimento do executivo, será que há rabo preso????? Estamos numa democracia ? Ou numa ladroeira?

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