Denarium ladeado pelo atual e pela ex-presidente do Iteraima. Foto: divulgação

Sentada à mesa com o novo presidente do Iteraima, o ex-deputado estadual Ionilson Sampaio, irmão do ex-prefeito Iradilson Sampaio, Dilma Costa, deu o recado a quem quiser saber se ela continuará ou não dando as cartas dentro da autarquia. Ao lado do governador, Antonio Denarium (PP), Dilma mãe terra, mostrou a todos que é quem continuará ditando as regras naquela casa de amigos.

Antes do caldo entornar e precisar ser demitida, ela própria pediu exoneração do cargo. Agora, em uma tentativa muito frustrada de dizer que “não deve nada a ninguém”, a senhora ex-presidente do Iteraima tenta atrelar sua imagem a de competência e tenta passar ao novo presidente que, se ele precisar, ela vai estar lá, disposta a dar dicas e conselhos para dar continuidade ao seu brilhante trabalho.

Nem assim vai conseguir se livrar tão facilmente das investigações de Jorge Everton (União) e demais integrantes da CPI. Os parlamentares já mostraram, em alto e bom som, provas, depoimentos, testemunhas, documentos, que revelam que a senhora Dilma Costa atuou em casos de favorecimento na regularização indevida de terras em Roraima. Grilagem, no popular. E o próprio governador estaria sendo beneficiado com isso, como denunciou a CPI.

Manobra parecida com a mudança de gestão do Iteraima tem acontecido na secretaria de Saúde, desde que Cecília Lorezon deixou a pasta para assumir o comando da discreta, praticamente invisível, e pouco operante Secretaria de Governo Digital (da fibra ótica rompida). A atual secretária, Adilma Rosa, apesar de tida como infinitamente mais qualificada, humana, querida e sociável que a gestora anterior, continua seguindo os comandos da ex. Mantém, inclusive, aliados próximos de Cecília (mas com pouca funcionalidade operacional) em cargos determinantes para a pasta e não consegue se livrar de muitos dos seus próprios subordinados. Finge que manda, mas também obedece.

Assim deve-se esperar que ocorra também nesta saída emergencial do secretário de Educação do Estado, para a assumir a Controladoria-Geral, depois que o último controlador foi preso em operação da Polícia Federal por suspeita de desvios de R$ 100 milhões dos cofres públicos, da época quando era reitor da Universidade Estadual de Roraima. O próximo que assumir o comando da SEED, já vá sabendo que não terá a autonomia necessária para enfrentar os problemas da educação estadual e ainda vai precisar honrar – calado – diversos acordos e contratações, incluindo com os parceiros políticos do governador na Assembleia Legislativa, que estão em vigor.

Isso é gestão? Isso é replicar ordens de quem não enxerga a administração pública como o maior potencial de mudança de rumo social. Esse modelo de gerir vem da cabeça de quem só tem experiência em banco e só consegue olhar para a administração pública como uma fonte inesgotável de recursos a serem gastos em obras que não têm fim, que são entregues pela metade ou que sequer saíram da propaganda encoberta por tapumes. Por detrás das tábuas, as ruínas do governo de Roraima seguem aos desmanches.

Presidente Ionilson, ao sentar-se à mesa com a gestora apontada pela CPI como sendo a líder do esquema de irregularidades dentro do Iteraima, o senhor não mostra interesse em fazer diferente. Receber esse bastão, em específico, não soou a ninguém como um bom primeiro passo para colocar ordem, moral e dignidade de volta àquela autarquia.

O que esperar desses novos gestores, então? Novos tempos? Não é difícil perceber: apenas mais do mesmo. É este o “cada dia melhor” de que eles tanto falam.

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here