Como se fosse gerente de loja de brinquedos que nem esperou os funcionários cumprirem os três meses de experiência previstos na CLT, o governador Antonio Denarium (PP) despachou na semana passada os recém-empossados presidente do Detran, Diego Aragão, da Junta Comercial, Vicente Neto, e outro sete figurões ligados a deputados até então aliados de seu governo. Tudo a toque de caixa, sem que desse tempo sequer dos nomeados mostrarem suas competências para os órgãos para quais foram designados. Os secretários de sua gestão são verdadeiros bebês reborn – não falam, não decidem, não opinam, só obedecem.
Passadas duas semanas da posse, a turma foi mandada embora sem muitas explicações. Saíram os secretários de agricultura, ajunto da saúde, adjunto de escolas militarizadas, dentre outros. O motivo para dar a louca no gerente e ele sair queimando os estoques e os funcionários seriam as críticas que o governador recebeu por chamar de volta Dilma Costa (ex-Iteraima, atual Fermarh), investigada pela CPI das Terras por favorecer ilegalmente até um filho dele com a titulação indevida de terras em Roraima, como denunciam os deputados Jorge Everton (União Brasil) e Renato Silva (Podemos) nesta Comissão Parlamentar de Inquérito da grilagem de terras em Roraima.
Na jogatina do toma-lá-dá-cá de Antonio Denarium, seus estepes de luxo, como é o caso de Gueres Mesquita, do Detran, já precisaram retomar seus postos de origem e esquentar a cadeira para as próximas negociatas. Não se acostumem com esses postos, senhores, já retomem os cargos sabendo que semana que vem, vai dar outra doida no gerente e os senhores vão precisar entregar as vagas para os próximos arranjos. Fiquem cientes, desde já, que é para não assumirem parcelas altas.
Tribunal de Contas, o retorno
Quem tem mais moral dentro do Palácio Senador Hélio Campos: Disney Mesquita ou Mecias de Jesus? Saberemos agora com a nova disputa que vai movimentar a sala de estar da casa do governador. De um lado, um velho aliado político que muito suga e pouco traz de retorno ao governo. Mecias que já manda e desmanda na Caer, quer sua vaga vitalícia de Conselheiro no Tribunal de Contas para não disputar o governo de Roraima contra Edilson Damião e contra todo o grupo de Antonio Denarium nas próximas eleições, tendo, inclusive, se aproximado do grupo de oposição ao governador, em conversas de bastidores, para debater a possibilidade de apoiar Teresa Surita, caso Denarium não faça aquilo que o senador determinar.
Do outro lado temos o melhor amigo, confidente e o homem que segura a mala de dinheiro do gov. Disney Mesquita quer que a sua esposa, Aline, seja conselheira. Viu que a primeira-dama, apesar de não entender sequer de operações básicas de matemática, não saber o preço da gasolina e nem o de uma bolsa da Gucci, está lá, como conselheira vitalícia da Corte de Contas, com ares de imparcial, analisando as contas do próprio marido. Viu que em Roraima até isso é possível com muita gente aplaudindo dentro do Legislativo e do Judiciário. Então, ele quis a mulher dele lá também. Simples assim.
Agora, o governador tem essa escolha nada técnica pela frente: a mulher do amigo ou o senador chantagista? Seja qual for a indicação de Antonio Denarium, ele já sabe que os 15 novos aliados dentro da Assembleia Legislativa de Roraima vão precisar dos mimos e lembrancinhas – aos quais o governador já está acostumado, para poder pensar melhor e chegar a uma conclusão definitiva. No que depender da mesa-diretora, essa escolha não será tão simplista, e os ritos podem demorar muito mais do que o governador está pensando. Talvez tempo suficiente para ele nem conseguir mais fazer essa indicação.
Sebrae Roraima
Tem ficado muito feio a forma como o Sebrae em Roraima tem se tornado uma extensão de uma secretaria de governo do Estado de Roraima. Do diretor-superintendente ao mais alto integrante da diretoria, todos, sem exceções, são indicações políticas do governador do Estado. O serviço de referência nacional do Sistema S tornou-se um braço do governo de Roraima que atende aos interesses do empresariado aliado do governador do estado, do qual comandante maior é aliado, ex-secretário, amigo pessoal, conselheiro e cabo eleitoral. O Sistema S sabe de tudo isso e concorda?
Mais uma comitiva liderada por Emerson Baú, foi a China com um grupo de empresários (também somente os aliados do governo), ganhando suas ótimas diárias, para aprender o quê? trouxeram o quê para a sociedade roraimense de retorno? O que foi aprendido em mais um passeio internacional e multiplicado ao empresariado local? De que forma o conhecimento adquirido nessas viagens cheias de regalias retornam à sociedade roraimense? Já que esta é a missão do Sistema S – qualificar e oportunizar conhecimento ao empreendedor local. Só vejo fotos de passeios e ricos trocando de Iphones.
O Sistema S deveria auditar esse tipo de favorecimento que o Sebrae Roraima tem feito aos empresários amigos do governador. Tornar o Sebrae Roraima uma extensão da Seadi, do governo do Estado, só mostra o abismo da atual gestão para a gestão anterior, quando Luciana Surita fez do Sebrae grande o quanto ele foi. Sebrae não é banco. Depois que um dos amigos vendeu a sede do Sebrae para o Sistema S a peso de ouro e viu que a entidade era financeiramente organizada, é que a turma do governador cresceu o olho por lá.
CBF
Enquanto o roraimense tiver a síndrome de cachorro vira-lata e concordar que nós aqui não temos gente qualificada para gerir e comandar seja lá o que for, passaremos vergonha em todas as áreas e segmentos. Samir Xaud é gente nossa, e tem competência para assumir a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), sim. Samir entende de administração pública, de esporte, de futebol, e de combate à corrupção – justamente aquilo que aquela entidade está precisando neste momento.
Os grandes figurões nacionais, tidos como os experientes, como é o caso do atual presidente, Ednaldo Rodrigues, responde por casos de assédio, suposto descumprimentos contratuais, mantêm-se no poder por força de liminar, e as contas da Confederação estão sob júdice. É esse know how que a entidade não precisa.
E ainda há quem diga que Samir não daria conta. Por ser de Roraima? A mudança de discurso deve começar daqui mesmo, partindo de nós, de casa. Somos capazes disso e de muito mais. Samir tem totais condições de moralizar a CBF do jeito que ela precisa para que o futebol brasileiro volte a brilhar com a honradez necessária para que volte a ser o melhor do mundo.
Boa semana!