A problemática da situação energética tem uma provável data para ser solucionada: dezembro deste ano, após a longínqua (porém bem-vinda) entrega do linhão de Tucuruí – obra iniciada em 2022, na gestão de Jair Bolsonaro (PL), e que será entregue agora na gestão de Lula (PT), depois do petista ceder aos acordos compensatórios na ordem R$ 133 milhões aos indígenas da reserva Waimiri Atroari, e conseguir dar sequência a obra. Somente assim para conseguir findar esse filho sem pai e conseguir ligar Roraima ao Sistema Elétrico Nacional, integrando o estado ao restante na nação.
Até lá, seguimos no velho cenário de apagões e incertezas, inclusive a do sobe e desce de preços. Em um novo capítulo envolvendo a instabilidade energética de Roraima, a Justiça Federal decidiu, na última quinta-feira (22), suspender as atividades de extração de gás natural da Eneva nos municípios de Silves e de Itapiranga no Amazonas.
O Roraima 1 já havia antecipado em novembro do ano passado a possibilidade de haver interrupção de energia elétrica em Roraima caso isso ocorresse, tendo em vista que parte do nosso fornecimento é gerado a partir desta fonte. A empresa alegava que, até novembro, 70% da energia do estado era proveniente dali, dessa área em questão. E a Justiça já sinalizava o que pretendia fazer, caso ninguém tomasse providências naquela área.
Agora, com a recente retomada do acordo de fornecimento de energia elétrica da hidrelétrica de Gury, na Venezuela, seria pouco provável que esse desabastecimento completo acontecesse, de fato. A Eneva confirmou que apesar da decisão judicial no Amazonas, Roraima não terá nenhuma interrupção no fornecimento da usina de Jaguatirica II.
Mesmo assim, sem saber de nada, o senador Hiran Gonçalves (PP), mais amigo da Eneva do que do povo de Roraima, se doeu com a situação do prejuízo da companhia e fez o uso da palavra no Senado, esta manhã. Usou a tribuna para atacar a Justiça Federal, com um ar de preocupação com o povo roraimense.
“Nós fomos surpreendidos com mais uma decisão liminar que impacta no fornecimento de energia para o nosso estado de Roraima”, equivocou-se o senador, já que a tal “surpresa” vem sendo debatida amplamente há meses, como acabo de citar na reportagem de novembro passado.
A decisão judicial levou em consideração um laudo feito pelo Ministério Público Federal (MPF) que aponta que há indícios de povos indígenas isolados vivendo na região. A recomendação sugere o uso da Portaria de Restrição de Uso, prevista no Decreto nº 1.775/96, como medida cautelar para proteger as comunidades que vivem ali.
“Nem a Funai consegue provar taxativamente que ali existiriam esses povos”, afirmou Dr. Hiran, categoricamente. Na verdade, a Funai pede a prorrogação de prazos para um estudo aprofundado da área. Novamente, o senador afirma com muita certeza algo sobre aquilo que não se sabe.
O que é certo, sabido por todos, é que nessas localidades em questão há a exploração de gás e petróleo, em um projeto de aproximadamente R$ 6 bilhões de investimentos da empresa Eneva.
Conhecido por suas pautas antiambientais, como a retomada do projeto do Marco Temporal, Dr. Hiran tem construido sua carreira política à sombra de grandes conglomerados. Sem nenhuma independência, seja à sombra de Denarium (PP), seja à sombra da Eneva, ou à sombra das grandes Bets, pondo em crédito toda uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) perante à opinião pública, pelo simples desleixo político em não saber conduzir seu próprio trabalho enquanto presidente.
Tiete de celebridades, o presidente de uma CPI que mais fez fotos do que enquadrou influencers investigados por fraudes fiscais e por participarem de um grande esquema nacional de cooptação de vítimas de um vício, o senador por Roraima está deslumbrado ao poder que Brasília o trouxe, ao invés de buscar as soluções que a envergadura de seu cargo permite. Acostumou-se à peças de carne de R$ 4 mil, mas acha absurdo um indígena da Malacacheta usar Iphone e ter Star Link. Chama de comunista e tudo.
Sem ajudar a solucionar os problemas reais do estado que o elegeu, Dr. Hiran só mostra que é o verdadeiro rei Midas, só que às avessas. Onde ele põe a mão, o negócio dá errado.