O governador das falácias passou por mais um momento constrangedor em sua trajetória pouco profissional na política. Em visita ao estado, a ministra do Planejamento Simone Tebet, veio lançar um plano logístico de integração entre os países da América do Sul por via terrestre. A expansão de estradas e outros recursos logísticos entre Roraima, Guiana, Venezuela e Suriname, além dos meios de desenvolvimento obtidos através dessas rotas, ficaram em segundo plano, depois que Antonio Denarium (PP) fez o uso da palavra.
Ao invés de aproveitar a presença da ministra para cobrar soluções de gargalos importantes para Roraima, Denarium fez uma palestra de power point para apresentar o número de beneficiários do bolsa-família e os dados sobre a regularização fundiária do estado. Creia. Assim mesmo, do nada, sem os temas terem sequer alguma correlação. Para selar o momento, uma salva de palmas da caravana de apoiadores em horário de expediente, que ecoavam o grito de “Roraima cada dia melhor”, slogan do governador.
Nenhuma palavra do chefe do Executivo estadual sobre como a administração pública do estado ganha com esse planejamento federal. Nenhuma abordagem sobre o isolamento digital vivido pelos cidadãos de Roraima sem que o governo estadual busque soluções para receber a internet da Guiana. Nenhuma fala sobre a demora no fornecimento de energia elétrica venezuelana enquanto esperamos pelo Linhão de Tucuruí. Nada. Nenhum piu.
Assumir necessidades e cobrar soluções do governo federal é papel do governador de Roraima. Tentar mostrar um estado que não existe, onde tudo funciona perfeitamente, é um tiro no pé de quem usa da política para saciar vaidades, ao invés de encontrar soluções para os problemas de nossa gente. Sem saber fazer, sem saber pedir, sem abrir a boca para cobrar, e ainda combinando aplauso sob o som de “cada dia melhor”, Denarium, mais uma vez, chancela seu fracasso enquanto gestor público. Promete o que não cumpre, fala o que não sabe, e onde deveria agir, usa e abusa da omissão.
O que passa pela cabeça de um gestor público que tem a oportunidade de fazer os questionamentos necessários para o ministério do Planejamento mas não os faz? Como classificar essa mente extraordinária que ao invés de pedir recursos para a União, apresenta uma palestra para dizer que “já temos”? Que despreparo é esse? Que falta de noção de realidade é essa? Que estado perfeito é esse onde vive Denarium e seus correligionários? São perguntas que ecoaram pela plateia do evento, após a fatídica exposição. A ministra saiu do local com um riso no canto da boca. Deve estar se perguntando até agora quem assessora Denarium e elege suas pautas.
Por outro lado, em se tratando deste plano logístico, o governador poderia ter dado alguns exemplos sobre asfaltamento de vicinais e construção de pontes. Deveria ter mostrado durante sua apresentação, o belíssimo trabalho de asfaltamento que ele tem proporcionado em áreas próximas das fazendas de grande porte, dos aliados do governo, já que as vicinais da agricultura familiar não estão em condições de serem mostradas a ninguém, de fato.
Experiência em exportar carne e soja para os países vizinhos, Denarium tem de sobra. Não como governador, claro, e sim como um dos maiores produtores do agronegócio de Roraima. Tá explicada essa insistência do “Cada dia melhor”, apesar de todos esses anos de anti-progresso proporcionados por sua gestão ineficaz. Se tá cada dia melhor, tá por lá, entre eles. Por aqui, na ponta, no povo, esse dia melhor ainda não chegou.
Enquanto o governador dos ricos estiver no poder, não poderemos contar com grandes reviravoltas acerca do desenvolvimento econômico de Roraima, tampouco planejamento sério para que nossa terra alavanque e se desenvolva com todo o seu potencial. Até lá, é pão e circo, com direito a aplausos emocionados e uma estrutura circense montada estrategicamente pela equipe de marketing daquele que muito fala e nada faz.
Ao povo, resta aguardar o dia em que gente que entende de verdade de admistração pública chegue lá. Esse aí sim será o “dia melhor” que a gente tanto espera.