“Parabéns, presidente. Que Deus continue iluminando seu caminho, sei que sua missão pelo Brasil ainda não terminou. […] Obrigado por tudo o que fez pelo nosso país, principalmente por Roraima”. Foi com essa mensagem que o senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) resolveu homenagear o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), na data em que o ex-mandatário comemora 68 anos de vida.
O senador, repudiado por entidades indígenas, integra a Comissão do Senado que trata da crise Yanomami – um genocídio causado pela inerência, incompetência e incongruência do governo Federal para com este Estado. Confiante em um eleitorado majoritariamente bolsonarista, como é em Roraima, Mecias de Jesus confirma em palavras públicas a continuidade de apoio irrestrito a Bolsonaro, ainda que este tenha sido diretamente responsável pela falta de assistência aos povos indígenas que agora o senador diz defender na Comissão.
Bolsonaro, que foi embora para os Estados Unidos desde o fim do ano passado, diz a interlocutores que espera a “poeira baixar”, comprovando estar ciente de que a lista de processos que o aguarda em solo brasileiro não é pequena. O medo de ser preso é, inclusive, um de seus principais empecilhos de retorno ao Brasil. É a este parceiro que o senador Mecias presta homenagens.
O supersenador acaba de conseguir emplacar o filho, o ex-deputado Jhonatan de Jesus, em vaga vitalícia de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). O ex-parlamentar – cuja experiência em contas limita-se ao patrimônio empresarial da família – foi, inclusive, designado pela Corte que o recebe para a apreciação do caso das joias de R$ 16 milhões recebidas da Arábia Saudita pelo ex-presidente.
Contamos, portanto, que essa gratidão de Mecias e da família De Jesus ao ex-presidente Bolsonaro, não seja extensiva à análise de Contas públicas.
Uma listinha
Seria interessante, também, que o senador Mecias pontuasse quais foram essas benfeitorias, ações e obras desempenhadas por Jair Bolsonaro em prol de Roraima, especificamente, tal qual a gratidão do senador.
Levanto isso porque todas as propostas feitas por Bolsonaro para o nosso estado, não foram cumpridas. Linhão de Tucuruí, cadê? Cadê internet também? E a crise migratória que nem compensação financeira o governo e as prefeituras receberam de Bolsonaro? A gratidão que o senhor tem, senador, é exatamente pelo quê? Ainda não ficou claro. Faça uma listinha.
Governo mantém Shérisson ainda que o MPRR o tenha denunciado por violência doméstica
Com a vaga de Shérisson Bruno garantida na Secretaria de Cultura (Secult) pela mana, a ex-deputada Shéridan (PSDB), o secretário de Estado teve que lidar esta semana com a notícia de que o Ministério Público de Roraima o denunciou por violência doméstica. O MPRR acusa o secretário por quatro crimes previstos no Código Penal: lesão corporal, ameaça, destruir coisa alheia e dano emocional à mulher.
Ainda que neste mandato o secretário tenha sido mantido no cargo a pedido do cunhado, o deputado federal Duda Ramos (MDB), cabe somente ao governador Antonio Denarium (PP) tomar as rédeas da situação política que está insustentável dentro da Secult.
Para que responda ao processo , o mais honroso seria que o próprio secretário pedisse afastamento do cargo enquanto se dedica a sua defesa. Na ausência desse bom senso, Denarium tem fingido que nada aconteceu e mantém no primeiro escalão um homem acusado de cometer crimes indecorosos e desconformes à envergadura do cargo.
Que Denarium peça a Shéridan ou ao Duda outra indicação, se o problema for este. Antes que Mecias o faça. Mas manter ali, na comissão de frente do Governo, alguém sob circunstâncias de pressão da opinião pública e da própria Justiça, é um tiro no pé para um Denarium que tanto prima pela publicidade, ainda que nada do que seja divulgado ali passe do campo da fantasia de uma gestão eficaz e comprometida com os cidadãos de Roraima.
E esse silêncio, governador?