Antonio Denarium (PP) segue sua agenda fantasiosa de inaugurações daquilo que não está pronto e celebrando benefícios públicos que nunca existiram. Aproveitando o ensejo de ficção científica do metaverso, o governador do Estado tem aparecido publicamente como nunca, quase que em vários lugares ao mesmo tempo, com o discurso de que irá apresentar ao eleitorado o resultado de seu trabalho obtido ao longo dos últimos 3 anos e meio. Quem ouve, constata: nada a mostrar, além de muita conversa fiada.
Uma mentirinha aqui, outra acolá…
No truque de sempre, acostumado a hiperinflar indicadores em causa própria e, mais recentemente, a quantidade de apoiadores, o governador lançou sua candidatura à reeleição em um evento para aliados e para uma grande leva de comissionados que foram obrigados a ocupar o CTG sob ameaças de superiores de suas respectivas secretarias. É o poder da máquina pública entrando em ação ainda nesta fase de pré-campanha. O Ministério Público Estadual (MPRR) já recebeu parte dessas denúncias e deve apurar os excessos.
Na ocasião, o que se viu foi um palanque cheio de aliados políticos e seus depoimentos com lisuras questionáveis quanto aos meios para o apoio. Mecias, que hoje manda até na água que a gente bebe, enviou mensagem de ‘boa sorte’, em vídeo. Por razões óbvias, os outros dois senadores foram evitados pela organização do Progressistas – Hiran não quer Telmário por perto, e Chico Rodrigues, ora, quem é que quer ser visto com ele, não é?
Os deputados estaduais com indicações e cargos dentro do governo compareceram em peso. Dos federais, apenas Nicoletti, que já rompeu e desrrompeu com o governador, e em outro momento também havia firmado aliança com Teresa, que só durou até Denarium dar a carta branca para o deputado fazer sua indicação ao Detran. Nem Shéridan, que tem um irmão indicado como secretário de cultura e um compadre como secretário de segurança, compareceu.
Apoio de ouro
Ao longo desta semana houve ainda a ratificação de apoio do prefeito de Caroebe, Osmar Filho (Republicanos), apadrinhado de Mecias, o mesmo que deixou voltar R$2,7 milhões em recursos de emendas de Jucá para asfaltar 13 ruas em Entre Rios. Isso tudo para que o ex-senador não leve o mérito. Vai perder o povo, como sempre.
Outra decisão nada despretensiosa foi empurrada goela abaixo aos roraimenses: a indicação de Nonato Mesquita, então superintendente geral da Assembleia, braço direito de Soldado Sampaio, que assumiu a Secretaria de Educação, aos 45 do segundo tempo, em uma tentativa urgente de passar uma demão de cal nas escolas que Leila Perussolo, a cunhada do governador, não conseguiu a tempo.
São estes aí os cabos eleitorais de Denarium.
Cada mergulho é um flash
Seguindo o baile pré-eleitoral, esta semana o governador largou o Palácio Senador Hélio Campos e correu atrás de Jair Bolsonaro (PL) para aparecer pelo menos nos stories da visita presidencial à Guiana; esteve ainda em eventos particulares como um almoço amplamente divulgado nas redes sociais, onde Denarium se mostra “um homem do povo” ao lado de amigos garçons. E foi ainda a outros eventos bem menos humildes, como os aniversários de aliados políticos – o do filho de seu ex-chefe da Casa Civil, Disney Mesquita, e também da presidente da Codesaima, Maria Dantas. Em suma, onde tinha gente amiga, teve Denarium fazendo foto para mostrar o quanto é querido.
Passa ali no Coronel Mota, governador, que o pessoal que fica horas na fila esperando atendimento quer tirar uma foto com o senhor.
E como fotogênico que o é, Denarium também ficou na ponta dos dedos para tentar aparecer ao lado do Ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, durante a inauguração do trecho duplicado da BR-401 – feito somente e tão somente com recursos oriundos da União e de emendas de parte da bancada federal. Mas na foto quis estar o dono do Frigo10.
Campanha antecipada
O governador também achou que era uma boa ideia visitar as escolas públicas da rede estadual de ensino neste período de pré-campanha. Foi recebido em unidades previamente organizadas pela Secretaria de Educação, para que sua equipe de redes sociais e marketing estratégico não flagrassem situações como o mato alto do Gonçalves Dias, ou a falta de equipamentos básicos no Penha Brasil, ou ainda a própria estrutura defasada de unidades que já passaram por reforma nessa gestão. Afinal, a boa foto é o que vale.
Ele conversou com alunos, professores, e fez aquele passeio sorridente nas escolas. Não deu outra: a Justiça Eleitoral entendeu qual era o truque e viu que o governador estava fazendo campanha antecipada. Vai ter que pagar R$ 5 mil de multa. “Um café!”, disseram os mais chegados.
Segurança Pública em 3,2,1… ação!
A ‘agenda do faz de conta’, cumprida à risca pelo governador, também contou com uma apresentação das forças de segurança do Estado. O Governo mandou avisar que se houvesse tiro, bomba, míssel, helicóptero ou o He-Man na madrugada da quinta-feira (12), no Bairro dos Estados, em Boa Vista, tudo se trataria apenas de uma simulação. Uma forma de mostrar que o aparelho estatal está pronto para qualquer evento criminoso de maior porte, como um assalto a banco, por exemplo. O lugar escolhido para o ‘treinamento’ foi uma seguradora de valores na rua Rondônia. Ou desistiram, ou o sono do pessoal ali das redondezas estava pesado demais. Nunca mais se ouviu mais falar sobre. Se o objetivo era mídia, não teve.
As pessoas não precisam ser ludibriadas pela simples e falsa sensação de segurança, governador. Longe disso. Ao invés de montar episódios isolados para a demonstração dessa força, como as solenidades para a entrega de munições, utilize-se desse entendimento de primordialidade da segurança pública para ampliar o efetivo fora dos padrões eleitoreiros, sem ser neste clima de campanha. Amplie o efetivo, aparelhe as polícias e dê a elas condições reais e dignas de trabalho. É no dia a dia em que essas forças estão fazendo falta. Enquanto o senhor diz por aí que o crime reduziu, que o policiamento aumentou, na prática, aqui fora, a gente sente algo completamente diferente. Abra as notícias e as janelas do seu Palácio e se inteire da vida real.
Agenda T x Agenda D
Na outra mão, Teresa cumpre uma agenda sucinta de interesses bem mais adequada ao momento, que é o de levantamento de necessidades: conversa com o povo, compreende as demandas, traça estratégias, busca o diálogo, vai a Terra Santa rezar pela alma de seu opositor, e, de quebra, lança um livro sobre políticas públicas para a Primeira Infância.
E Denarium segue fazendo de conta que trabalha, a cúpula do benefício próprio faz de conta que acredita, e a gente, faz a conta do tempo perdido e do dinheiro desperdiçado que não chega nunca em forma de benefícios sociais na mão de quem realmente precisa.
O senhor não entende de gente, governador.