Antônio Denarium (PP) e Teresa Surita (MDB). Foto: arquivo/ Secom-RR

A prefeita Teresa Surita (MDB) tem pressa em terminar o ano com uma imagem de que não é mais aquela política que passou duas décadas no poder perseguindo e maltratando servidores, dando absoluta preferência a comissionados passíveis a todos os tipos de pressão e manipulação. A coletiva marcada com a imprensa para hoje, a fim de anunciar a sanção do projeto de lei aprovado ontem pela Câmara, o qual amplia para sete meses o tempo de licença maternidade, faz parte do plano.

Para seus futuros passos políticos é essencial limpar sua imagem de carrasca com os servidores, a qual pautou toda sua trajetória política, pois ela aprendeu nas últimas eleições que o funcionalismo público representa não apenas um grande peso de votos em qualquer disputa eleitoral, mas também uma forte influência na opinião pública. A grande família de servidores pode mudar os rumos de uma eleição, dependendo de seu humor, já que esquemas eleitorais estão cada vez mais difíceis e perigosos para quem os pratica.

Teresa quer pressa para aproveitar o momento ruim vivido pelo governador Antonio Denarium perante os servidores. Ela quer ser a “prefeita boazinha” perante um “governador malvado” com o funcionalismo. Também quer surfar nessa onda e, no último ano à frente da Prefeitura de Boa Vista, tentará de todas as formas se contrapor e se beneficiar dos erros de Denarium para se promover politicamente.

Foi com esse pensamento fixo que ela convenceu sua base aliada na Câmara de Vereadores a convocar uma sessão extraordinária para ontem com a missão de aprovar, sem contestação, pois seus possíveis críticos já tinham entrado em recesso regimental, projetos que criam cerca de 100 cargos na estrutura municipal. Isso sem muita discussão (típico de Teresa) e sem que houvesse necessidade de uma extraordinária em fim de ano, quando o pensamento da sociedade está voltado para festas e confraternização.

Teresa quer fazer festa dizendo que a licença maternidade de sete meses seria mais uma ação em favor da primeira infância e, de quebra, beneficia as mães servidoras municipais. Mas é bom lembar que a prefeita deixou de investir por duas décadas em novas vagas nas creches. Até o ano passado, havia quase meia dúzia de obras de escolas pró-infância abandonadas. As obras começaram a ser concluídas às pressas depois que Teresa decidiu ser a “rainha da Primeira Infância”. Porém, há bairros onde sequer um tijolo foi sentado no local, ficando apenas o terreno baldio e mães com suas crianças sem vagas nas escolas.

As filas de espera em busca de vagas nas creches e escolas municipais, nesse fim de ano, dão a dimensão do grande número de crianças fora da educação infantil. As praças estão bonitinhas com estátuas gigantes de animais para as crianças brincarem. Mas os semáforos, as feiras e estacionamentos de supermercados estão lotados de crianças mendigando. E cada vez mais chegando imigrantes em massa para engrossar esse caldeirão de desespero.

O ano 2020 será o último de Teresa à frente da Prefeitura. Se não houver uma preocupação com o que a prefeita está fazendo – contraindo novos empréstimos, abrindo novas vagas no quadro de servidores sem estudos orçamentários, deixando de investir em creches, em vez de praças, postos de saúde sem prioridade em pré-natal, problema que dispara na única maternidade pública já em caos – teremos um futuro incerto, seja quem for o novo prefeito ou nova prefeita.

Tudo isso precisa ser bem analisado, enquanto Teresa faz festa e se autopromove como “rainha da primeira infância”. A carcaça de Boa Vista está bem bonitinha, iluminada e colorida, dentro do vidrinho. Mas é necessário ver o que está dentro, além da casca florida, e que efetivamente construirá o futuro de Boa Vista. O trânsito está aí, para desafiar qualquer um a imaginar como estaremos daqui a dez anos, numa cidade inchada de venezuelanos pauperizados que não param de chegar…

*Colunista

 

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