Os aliados passaram o dia tentando convencer a opinião púbica de que o governador Antonio Denarium não está privilegiando os delegados da Polícia Civil, por meio de uma manobra que concede reajuste salarial para aquela categoria. Inútil. Nenhuma alquimia política irá conseguir esconder o sol com a peneira.
Tal decisão só confirma o que vem sendo afirmado aqui, neste espaço, desde o início do ano: esse governo que aí está só tem olhos para os grandes e uma minoria. Denarium não faz o mínimo esforço para acolher as demandas dos pequenos agricultores e da maioria das categorias do funcionalismo público, por exemplo.
Embora não tenha surgido uma explicação oficial para esta pressa em favorecer os delegados, quem conhece a política roraimense sabe como funcionam esses entendimentos. E o momento é propício para que o funcionalismo público se mobilize, cobre que seus direitos também sejam respeitados e que o governo tenha pressa em fazer as mesmas manobras a fim de favorecer as demais categorias.
O inadmissível é privilegiar uma categoria que já recebe razoavelmente bem, mas que tem deixado muito a desejar em suas ações em favor da coletividade. Não que os delegados não mereçam. Eles merecem sim, assim como as demais categorias, especialmente aquelas menos favorecidas e que vêm lutando há anos por seus direitos negados por seguidos governos.
Já que o governo mostra-se com uma nova postura de negociação, neste fim de ano, então que saia de sua redoma e ouça o clamor das ruas ecoando nas redes sociais. A pressa que os delegados têm é a mesma que a população roraimense cobra para solucionar os graves problemas que só se agravam no Estado. A saúde pública é apenas um exemplo em que a população pena nas filas dos hospitais e que o servidor precisa paralisar suas atividades para que seja ouvido.
Se esta pressa usada para beneficiar os delegados não for canalizada para todos os demais setores do governo, a Polícia Civil vai paralisar e depois virão as demais categorias, em um efeito cascata que será inevitável. O funcionalismo público é a única “indústria” que Roraima tem para fazer girar a economia e o maior patrimônio político que decide na hora de ir às urnas. Ouçam o clamor ou pagarão muito caro por isso.
*Colunista