Viver é um ato político. Dormir, acordar, comer, trabalhar, se vestir… cada uma dessas atividades é uma manifestação política. Tudo está interligado, sob a dependência de nossos representantes, sabidamente, cada vez mais mal escolhidos por nós. A economia também se expande ou se retrai a partir dessas decisões. Não é um processo passível de dissociação.
A carne que você come hoje, com um preço maior, ficou mais cara por ato ou consequência política. Isso faz com que o consumo de frango e ovo aumente, e, dentro do efeito cascata da lei da oferta e da procura, aumente também o preço desses alimentos. Tirando o consumidor, no caso nós, todos saem ganhando. O dono do frigorífico e o dono da granja. Ah, lembrei quem são.
Como diria Mariazinha Parente, lá da Barata, estamos vivendo “no tempo do rococó”. Não tem luz toda hora e nossa matriz energética é a queima de óleo diesel. E mesmo quando se tem, não se pode usar, porque paga-se três vezes mais do que nos demais estados do Brasil. Enquanto o linhão de Manaus não fica pronto, o que deve demorar anos, ninguém fala mais em renegociar a concessão de Gury. Mais uma vez, tirando o consumidor, no caso nós, todo mundo sai ganhando. Me refiro ao dono da companhia de luz e ao dono do posto de combustíveis que vende diesel para alimentar a rede. Lembrei quem são também.
Também não tem água, porque a companhia não tem pressão. Literalmente. Não tem culhão técnico pra fazer a água subir pra caixa. E assim, de serviço em serviço, de empresa em empresa, vamos tocando a vida, sem saber até quando o bolso e a paciência aguentam.
A política em Roraima ri das relações de consumo, das leis, do Código de Defesa do Consumidor. E quem é passado para trás?
Nem o mais debochado dos roteiristas de gênero fantástico saberá em qual época da linha do tempo encaixar o que vivemos hoje em Roraima. Estamos ali, tentando sair do império para tentar conquistar a República. Falta só a revolução.
Feliz 2020 aos que resistem.
*Colunista
Nossa Rubens gostei muito dessa reportagem perfeita.