Todas as pistas e dicas para desbaratar a situação de falência da saúde pública foram finalmente apresentadas pela promotora de justiça de Defesa da Saúde, Jeanne Sampaio, na audiência pública de sexta-feira passada. Como ela própria clamou, todas as esperanças de desratização agora estão depositadas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em andamento na Assembleia Legislativa.
Para quisesse ouvir, a promotora apontou o caminho para se chegar ao paradeiro da dinheirama que desaparece dos hospitais: o patrimônio de algumas pessoas; ou seja, os sinais exteriores de riqueza incompatíveis com os seus rendimentos declarados na Receita Federal. A CPI da Saúde tem essa prerrogativa de abrir a caixa-preta, se assim estiver disposta.
Jeanne também revelou que o governador Antonio Denarium (PSL) tem em mãos as análises de processos sob suspeita feitas pela hoje secretária de Saúde, Cecilia Lorezom, estudos estes que foram realizados quando ela atuava como advogada na Sesau. O problema é que, ao ser nomeada titular da pasta, também esqueceu-se de cobrar providências do governador ou ela mesma agir.
Mas, pelo tudo que se desenha nesse quadro falimentar e pelo que explanou a promotora de justiça, fica parecendo que a secretária foi nomeada justamente para que se esquecesse do que foi levantado no antro da pasta. E a suposta amnésia só tem contribuído para que a situação do povo só piore nas filas e corredores dos hospitais.
A CPI da Saúde já foi criada com o direcionamento em mãos das fortes denúncias feitas pelo então secretário demissionário, Ailton Wanderley, que expôs as vísceras do setor e apontou todos os indícios dos esquemas, embora ela tenha tentando desdizer ou não dizer nada durante sua oitiva.
Nunca o antro da saúde pública esteve tão exposto quanto agora, com tudo nas mãos de um governador eleito sob a bandeira da moralização e da honestidade. Então, chegou a hora de agir de verdade e com a verdade. Na audiência pública de sexta-feira, na Assembleia Legislativa, a promotora Jeanne Sampaio já dizia que faltam atitude e vontade política para tomar as decisões mais duras e amargas.
Não tem mais desculpa para o governador tergiversar ou ficar criando conspirações em gabinetes ou alimentando crise institucional. É o povo que está morrendo nos hospitais e mendigando atendimento médico, enquanto nenhuma atitude é tomada pelo governo. Não parece só incompetência. Ou só falta de vontade política. Parece que há algo a mais que está sendo escondido do povo.
Então, governador, se o senhor foi eleito levantando a bandeira contra a corrupção, saia do Facebook e encare a vida real. A promotora já disse que a saúde pública é um genocídio e que o senhor tem as soluções nas mãos. Ou vai criar uma nova crise para se esquivar de suas responsabilidades?
*Colunista