Depois que o senador Chico Rodrigues (DEM) foi notícia nacional por ter contratado um parente do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em seu gabinete, cuja missão seria “caçar comunistas” país afora, outro senador roraimense, Telmário Mota (Pros), agora surge nas páginas da grande imprensa. Desta vez, Mota aparece, junto com o senador Flávio Bolsonaro (PSL), na lista de parlamentares que mantém sigilo das notas fiscais que justificam gastos com a verba proveniente de cotas parlamentares.
Esse recurso é destinado a pagar gastos com combustível, passagens, escritório parlamentar, hospedagem e outros serviços. Sem informação sobre essas despesas, não há como fiscalizar a atividade dos senadores. Lembrando que Chico Rodrigues, quando era deputado federal, chegou a encabeçar a lista dos maiores gastadores com combustível, a ponto de virar chacota com o apelido de “Chico Gasolina”.
A opinião pública só tomou conhecimento dos fatos porque essa informação era aberta ao público. Hoje, nem por meio da Lei de Acesso à Informação a imprensa e as entidades que trabalham com transparência estão conseguindo ter acesso a esses dados. Desta forma, sob a alegação de sigilo para resguardar a segurança do político, ninguém consegue mais ter acesso aos gastos, abrindo possibilidades a todos os tipos de farra com o dinheiro público.
O sigilo a esses dados foi efetivado na presidência do então senador Renan Calheiros (MDB), cuja trajetória política tem em sua ficha vários acusações de irregularidades, entre elas peculato. Ele oficializou um parecer que diz que qualquer senador pode negar informações sobre as notas fiscais quando julgar necessário por questão de segurança.
Trata-se de uma atentado à moralização da política, bandeira sob a qual a família Bolsonaro e seus seguidores foram eleitos, o que demonstra ter se tratado de uma falácia para ludibriar os eleitores. Esconder da opinião pública a forma como vêm gastos os recursos públicos é um entulho político que não deveria mais existir no país que foi às ruas pedir o fim da corrupção em todos os níveis.
Triste ver que existem políticos de Roraima, um Estado penalizado pela corrupção sistemática, envolvidos em práticas que já deveriam ter sido abolidas. Difícil acreditar que iremos mudar o rumo do país, e de Roraima, quando os esquemas continuam fazendo parte da estrutura política apodrecida e blindada por pessoas da estirpe de Renan Calheiros. Enquanto isso, a população segue desprotegida e desrespeitada em seus direitos mais básicos, enquanto parlamentares fazem farra com o dinheiro público, livres de fiscalização.
*Colunista