Sede da Maternidade Nossa Senhora de Nazareth. Foto: arquivo/ Secom RR
Enquanto o Governo de Roraima vive no mundo irreal  das propagandas nas redes sociais, o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth vive um dos momentos mais críticos depois das mortes de bebês no berçário por infecção hospitalar, em 1996.  Os profissionais que lá trabalham estão sob constante tensão e temem que as mortes de recém-nascidos cheguem ao nível daquele ano, quando a mortalidade naquela maternidade tornou-se um escândalo nacional (veja na Folha de S. Paulo aqui).
A situação já era crítica há meses e ultrapassou os limites do aceitável quando a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da maternidade passou a registrar 51 bebês internados para uma capacidade de 38, inclusive ocupando as vagas reservas as quais são destinadas para isolamento de casos mais graves.  O local assemelha-se a um hospital de guerra, com os profissionais trabalhando no improviso.
Sempre no limite, os médicos não conseguem acompanhar todos os bebês como deveriam e muitas vezes são obrigados a operar sem as condições ideais por falta de material médico hospitalar.   Algumas vezes precisam até repetir cirurgias devido a infeções.  O estresse dos médicos é constante porque precisam assumir riscos à vida dos bebês e a sua conduta profissional por estarem passíveis de erros pelas precárias condições.
A demanda por causa da imigração obviamente contribui para o problema, mas a falta de medicamentos e de material, além  da estrutura física ultrapassada, vem se repetindo a cada governo e está longe de ser solucionado pela atual administração, que se mostra incompetente para solucionar as deficiências ou amenizar o caos.
O Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) já enviou documentos relatando a precária situação, mas as autoridades não tomaram nenhum providência.  Inclusive o governador Antonio Denarium esteve na maternidade, acompanhado da secretária de Saúde, em julho passado, para distribuir lençóis que foram doados pelo Exército, mas passeou por um local maquiado para parecer que estava tudo bem.   A cena se repetiu em outras unidades de saúde por onde o governador esteve para se exibir nas redes sociais.
Se algo não for feito, mais bebês vão morrer no berçário e o caso pode se tornar um novo escândalo nacional, isso se já não estiverem ocorrendo mortes além do que é aceitável pelos padrões internacionais.  Anteriormente, havia três picos de nascimento de bebês na maternidade por ano e, com a imigração, a superlotação tornou-se uma rotina, ambiente propício para mortes por infecção hospitalar.
O momento requer urgente providência por parte dos órgãos fiscalizadores, em especial o Ministério Público, já que o Governo do Estado não se mostra interessado em agir. A situação é gravíssima e as autoridades não podem ser conivente com essa maquiagem que está sendo feita nas unidades de saúde do Estado, principalmente no berçário da única maternidade pública de Roraima.
*Colunista

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