Parece que Antonio Denarium (PSL) ainda não conseguiu assimilar que ele é o governador de Roraima eleito para mudar tudo o que aí está, conforme ele mesmo prometeu durante sua campanha eleitoral. Com o comportamento administrativo que ele age, conforme podemos ver em seu perfil no Facebook, nem dá para acreditar que ele realmente é um empresário que conseguiu se estabelecer (ou pelo menos não demonstra isso).
Na questão da saúde pública, os próprios comentários dos internautas nos vídeos postados em seu Facebook podem dar-lhe uma ideia sobre o que as pessoas estão pensando a respeito de seu comportamento. O governo recebe lençóis para hospitais doados pelo Exército, mais exatamente do Ministério da Defesa, mas Denarium transforma isso num ato político como se fosse um festejo de melhoria do sistema, fazendo mutirão para gravar o nome da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) nos panos. E arma uma encenação publicitária para ir pessoalmente distribuir os lençóis nos hospitais.
Não há o mínimo de bom senso nisso, sabendo que as unidades de saúde carecem de estrutura para atender razoavelmente bem a população. Não há como disfarçar isso da população. Nem armando a encenação, preparando os hospitais com limpeza e organizando os pacientes para apertar a mão do governador nas visitas gravadas em vídeos para o Facebook.
A realidade é dura quando as câmeras são desligadas e o governador vai-se embora para outra teatralização na rede social. Não dá para ficar aviltando as pessoas que só têm a fila do Sistema Único de Saúde (SUS) em busca de atendimento. Não estamos mais em campanha eleitoral nem vivendo a vida paralela das redes sociais, onde tudo é editado de acordo com as conveniências pessoais.
O governador e a cúpula de Sesau deveriam parar de brincar de Facebook e passar a fazer dessas visitas uma rotina, um ato de governo, uma ação constante. E com austeridade, não só como forma de fiscalizar e administrar de perto, mas como um ato de um estadista preocupado com o bem-estar coletivo. Vídeos para rede social com tudo programado é para quem não quer trabalhar ou quer ser bajulado pelos diretores que armam tudo para receber o chefe.
Quer ver algo bem básico? É só sair caminhado do Palácio Senador Hélio Campos por alguns metros até o Hospital Coronel Mota, ali mesmo na Praça do Centro Cívico. Lá irá constatar que não tem sequer cadeiras nos blocos para receber as pessoas doentes e cansadas, especialmente idosos e pessoas com problemas de mobilidade. É algo tão básico que chega ser escandaloso não ter sequer isso.
O povo quer austeridade no trato com a saúde pública. Que venham doações do Exército e de qualquer entidade pública ou privada, mas que o fato seja tratado como uma ação de ajuda a um sistema fragilizado, não como um ato de mudança e festa. Lençóis doados não vão mudar nada do que temos nos corredores, diariamente, e nos meandros das decisões tomadas que nunca iremos tomar conhecimento, a não ser quando alguém denuncia.
*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br