Governador Antonio Denarium (PP). Foto: divulgação.

Em depoimento à Polícia Civil de Roraima sobre o caso do assassinato de Flávia Guilarducci e Jânio Bonfim de Souza por disputa de terras no Cantá, o ex-segurança de Antonio Denarium (Progressistas), Helton John Silva de Souza, revelou que dois dias após o crime, o governador se encontrou com Tiago Porto, irmão do empresário Caio Porto, apontado como autor dos disparos que matou o casal.

Helton John está preso desde o dia 10 de maio e é investigado por suspeita de participação no duplo homicídio, que aconteceu no dia 23 de abril.

Conforme detalhou o capitão, o encontro de Denarium com Tiago Porto ocorreu no dia 25 de abril, nas dependências do Palácio do Governo. Ele teria procurado o governador para tratar da situação do irmão, que está foragido.

No dia do encontro, Denarium iria fazer uma gravação do lado de fora do palácio e o PM disse ter ficado surpreso ao ver os dois juntos.

“Saímos lá pela frente, esperamos lá e lá vinha ele descendo. E quem vinha descendo já? O governador, o Tiago, que já vinha conversando com ele. E eu não vi quando ele chegou, porque eu estava lá na sala e a gente não avisa quem está chegando. Delegado, deputado. Ninguém avisa. Só se alterar, o que nunca alterou”, explicou Helton.

O capitão disse que chegou a cumprimentar Tiago Porto e a perguntar sobre a conversa com o governador. Segundo o PM, Denarium ligou a delegada-geral duas vezes, mas não foi atendido. Contudo, ela teria retornado em seguida.

“A delegada-geral retornou para o governador, falou alguma coisa, aí o Thiago atravessou e ele [Antonio Denarium] falou lá: ‘não, pode ligar e fala direto com ela’”, contou Helton no depoimento.

Em nota, o Governo do Estado afirmou que as informações apresentadas pelo investigado são “caluniosas” e têm o intuito de “denegrir a imagem do chefe do Executivo”, assim como das instituições de segurança pública do Estado.

Ainda durante o depoimento à Polícia Civil, o ex-segurança do governador de Roraima confessou que estava no local do crime, mas quem efetuou os disparos foi o empresário Caio Porto.

Ele disse ainda que, após o ocorrido, entrou em contato com o comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, o coronel Miramilton Goiano. Conforme Helton John, o comandante orientou ele a se desfazer do celular que usava durante o crime.

Helton relatou que, após o expediente, ligou para o comandante e contou o que tinha ocorrido. Além disso, o policial contou que o celular dele havia tocado enquanto estava na residência do casal. Miramilton então teria perguntado se ele tinha a tecnologia VPN no aparelho, que torna a localização invisível, e Helton respondeu que não.

“[…] Aí ele falou: pois então, troca esse celular. E eu falei: sim senhor”, detalhou o PM no depoimento.

Questionado pela Polícia Civil sobre o que ele fez com o celular, Helton explicou que pediu para o filho vendê-lo.

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