Nicoletti e Denarium voltam a ser "parceiros", segundo publicação. Foto: reprodução/Instagram

Por falta de aceitação popular, por falta de força com a comitiva nacional do União Brasil, o governador cassado Antonio Denarium (PP), já começa a desenhar o seu plano B, tendo em vista a impossibilidade de Catarina Guerra (União) encabeçar uma chapa pela disputa à prefeitura de Boa Vista nas eleições deste ano. A solução que começa a ser plantada no Palácio Senador Hélio Campos é: Catarina poderá ser vice de Nicoletti.

O governador publicou foto com o deputado nesta quarta-feira (26) em suas redes sociais. Na legenda resumiu a reunião como “encontro de parceiros”. Há poucas semanas, à revelia por causa da não cedência do partido para a campanha de sua preterida, Denarium tomou o comando do Detran das mãos de Nicoletti. Despachou temporariamente Álvaro Duarte, em maio passado, indicado do deputado federal, e pôs no lugar o primeiro que viu na frente, só para mostrar ao deputado quem é que manda ali. Diminuiu os espaços e indicações de Nicoletti, praticamente declarando guerra fria contra o parlamentar.

Agora, um mês depois, a legenda da foto é de “parceiro”? Vai entender.

O Fundo

Fontes ligadas ao União Brasil estimam que a sigla em Roraima receberá algo em torno de R$ 120 milhões do fundo partidário para as eleições deste ano. Isso explica o apego a cabeça da chapa. Apesar disso, a decisão final sobre a candidatura é de Nicoletti, que preside o partido em Roraima. E Denarium até pode tentar emplacar Catarina Guerra como candidata à vice, frustrando a última esperança do vereador Italo Otávio (Republicanos), indicado de Mecias de Jesus (Republicanos).

Os Bolsonaro

Certo de que contará com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por ter sido colega de PRF de um de seus filhos, Nicoletti é levado a crer por seus apoiadores que tem grandes chances de subir nas pesquisas, na hipótese da família declarar apoio a sua campanha.

Porém, o bom trato ficou para trás, e faz tempo. Após a primeira eleição, ainda em 2020, o deputado federal se indispôs e rompeu com a família Bolsonaro, por questões ligadas a fidelidade do deputado ao grupo de extrema direita. Algo que ele pensa que caiu no esquecimento da ex-família presidencial.

Trago-lhes à memória: Foi preciso Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro desmentirem Nicoletti nas eleições passadas. Primeiro, o então assessor especial do Ministério da Saúde, Airton Cascavel, disse naquela ocasião que Bolsonaro apoiaria Nicoletti em quaisquer circunstâncias. Foi desmentido pelo próprio ex-presidente, que na ocasião falou “Quem disser que apoio está mentindo. Não tenho tempo para me dedicar às eleições. No 1° turno não pretendo apoiar nenhum candidato a prefeito”, disse o ex-presidente.

Eduardo Bolsonaro foi mais direto. Disse que a conduta de Nicoletti não era condizente com o projeto de país da direita, ao se referir a postura do parlamentar em relação a falta de lealdade ao presidente. Eduardo Bolsonaro protagonizou em 2020 a chamada “guerra de listas” na qual deputados dos grupos opostos se revezaram na cadeira da liderança. A crise levou à saída de Jair Bolsonaro do partido e a suspensão de Eduardo por um ano.

À época, o presidente defendia o nome do filho para a liderança do partido, após ele ter deposto a então líder, a deputada federal Joice Hasselmann. Nicoletti assinou a lista pela manutenção de Joice no cargo e contra a orientação do presidente Jair Bolsonaro, criando o racha com a família inteira. “Esse tipo de conduta não condiz com o queremos para o Brasil. Mas quem fará esse julgamento é a população de Boa Vista, Roraima”, publicou Eduardo Bolsonaro sobre Nicoletti.

Apoio do PL em 2024

Deilso Bolsonaro – este sim, íntimo de verdade da família – que preside o PL aqui em Roraima, ratificou: Jair Bolsonaro já decidiu seu apoio à candidatura de Frutuoso Lins (PL) pela prefeitura de Boa Vista, em chapa própria, bem longe de Denarium.

Para quem não lembra, Frutuoso foi o primeiro vice-governador de Denarium, e rompeu com o rei do gado ainda no primeiro ano de gestão, por discordâncias na condução do Estado. Passou os três anos seguintes como figurante no Governo.

Desta forma, nem Catarina, nem Nicoletti, receberão o apoio que imaginaram. E ambos, devem ser escanteados pelo governador cassado, caso não evoluam nas pesquisas de intenção de voto.

A linha dessa pipa só desenrola em um único sentido, pode prestar atenção. E tem cerol aí.

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